domingo, 5 de setembro de 2010

Digimon Network: Capitulo 01 - Game Start!


Não recomendado para menores de 12 anos.
Esta história se inicia numa quente manhã de Julho, na grande Tokyo. Era o primeiro Sábado do verão, e último dia de aula. Numa casa simples em Minato, morava um garoto chamado Tsumura Daichi. Ele tinha cabelos e olhos castanhos. Naquele momento estava na cozinha da casa, tomando café da manhã e ouvindo sua mãe reclamar:

– Você dorme demais todo dia, tem que aprender a ser mais responsável. – dizia ela emburrada.
– Ah, mãe, a escola é aqui perto. Dá tempo de chegar lá. – justificava-se Daichi – Você que me acorda cedo demais.
– Hoje é o ultimo dia de aula antes das férias de verão. Você devia levar mais a sério.
– Todas as escolas já saíram de férias ontem Só a minha vai ter aula hoje.

Desanimado, Daichi vestiu a jaqueta preta do uniforme, pegou sua mochila e foi. Mal saiu de casa e viu um garoto descendo á rua. Aquele era Itoshiki Hiroshi, o melhor amigo de Daichi, um garoto de cabelos verdes e chamativos que viviam despenteados e olhos pretos. Era um pouco mais baixo que o amigo e também mais novo. Eles se conheciam desde pequenos, eram como irmãos.
Os dois amigos se cumprimentaram e começaram a caminhar em direção á escola.

– Amanhã começam as férias de verão! – disse Hiroshi animado – Cara, eu vou me divertir muito nessas férias.
– Bem que elas podiam começar hoje. – respondeu Daichi emburrado.
– Se anima, Daichi! Hoje o pessoal vai fazer nosso torneio de Digimon Tamer, esqueceu? – lembrou Hiroshi.
– E daí? Eu sempre ganho do povo da sala mesmo. – retrucou o outro.
– Sempre ganha é? Fique sabendo que você não vai ganhar de mim hoje! Eu pus mus digimon em treinamento intensivo esses dias! Estamos prontos! – o garoto gritava, chamando a atenção de quem passava na rua.
– Se você tem tanta certeza que vai ganhar, vamos fazer uma aposta! – disse Daichi, já um pouco mais animado. – Quem perder a batalha paga o almoço!
– Apostado!


Não demorou muito e chegaram à escola. Era um prédio bonito, com uma cor bem discreta. Logo na entrada, já encontraram vários amigos jogando Digimon uns com os outros.
Digimon era uma mania mundial, em qualquer lugar era possível encontrar pessoas mexendo em aparelhos chamados Digimon Pocket, ou simplesmente DP, uma evolução dos antigos V-PETs. Este jogo foi criado pela Mirai Corp., uma das maiores empresas de jogos e aparelhos eletrônicos do mundo. Os Digimons eram seres de várias espécies diferentes que, com o auxilio de um Tamer, lutavam contra outros monsters para adquirir experiência e evoluir.
A grande jogada do negócio era que os Digimon Pockets eram apenas uma pequena parte desse jogo. Apesar dos Digimons lutarem uns com os outros apenas conectando os aparelhos, eles evoluem apenas com experiência adquirida nas batalhas de Digimon Online, um MMORPG dedicado a eles, que já contava com mais de dez milhões de jogadores em apenas dois anos. Daichi era um dos poucos Tamers que não jogava Digimon Online. Não por falta de vontade, mas sim porque seu pai, Tsumura Satoru, se recusava a pagar a mensalidade.

Já na sala de aula, Daichi e Hiroshi colocaram suas mochilas nas suas carteiras e conversaram um pouco, até que um barulho parecido com um toque de Pager veio do bolso de Daichi. O garoto pegou o DP e apertou alguns botões, e logo em seguida o barulho parou.

– O que ele queria? – perguntou Hiroshi esticando o pescoço para ver a tela do DP.
– Ele estava com fome.
– Eu dei comida pros meus digimon em casa, pra não ter perigo de acontecer isso.
– Oh, como você é inteligente... – Daichi falava com certa ironia na voz.
– É isso aí! Eu sou muito inteligente! – gritou o amigo.
– Para de gritar! Você não sabe falar como uma pessoa normal?
– Eu não estava gritando...
– Claro que não, imagina...      
– Oi meninos! – disse uma menina que acabara de entrar na sala.
– Oi Megumi. – responderam os dois.

Miyama Megumi era da mesma sala que Hiroshi e Daichi. Era uma linda garota de longos cabelos negros e lisos e olhos castanho-escuros. Megumi havia se matriculado na escola no ano passado, e se tornou muito amiga de Daichi e Hiroshi. Algumas pessoas achavam estranho uma menina andar tanto com dois garotos, ainda mais com fama de bobos como aqueles dois, mas ela nem ligava.
Os três ficaram conversando sobre assuntos aleatórios por alguns minutos, até que o sinal tocou. Os alunos se dirigiram para suas carteiras, sendo que Daichi, Hiroshi e Megumi sentaram na mesma fileira. Logo o professor entrou na sala acompanhado por um homem baixinho, calvo e vestindo um terno. Aquele era o diretor da escola, Mizuki. Quando ele entrou na sala todos instantaneamente se calaram.

– Alunos do primeiro ano. – começou o diretor, com sua voz fina e esganiçada, que lembrava muito a de um morcego – Como sabem, este é o ultimo dia letivo do semestre. Vim para desejar-lhes boas férias e pedir que se comportem, para não manchar a reputação desta escola... Que foi isso?

            O som característico de um DP ecoava pela sala quebrando o silêncio. Mizuki olhou para a sala, apertando os olhos para enxergar o fundo da sala. Sim, Mizuki tinha problemas de visão, mas para seu azar e sorte do dono do DP ele não estava com os óculos ali. Logo o som cessou. O diretor ainda tentou ver alguém suspeito, mas provavelmente não estava enxergando dois palmos á frente do nariz.

– Quem estava brincando com essa porcaria de joguinho? – perguntou ainda olhando para os lados, mas logo balançou a cabeça e respirou fundo. – Vocês sabem que usar aparelhos eletrônicos durante o horário de aulas é proibido! Isso inclui celulares, MPs e esses tais Digimon! Hoje não tomarei nenhuma providencia porque tenho assuntos para resolver... Mas que isso não aconteça de novo! Se isso acontecer de novo nessa sala o professor irá encaminhar o aluno diretamente para mim. Estejam avisados. Voltando ao que eu dizia, ás dez horas, haverá uma pequena confraternização no pátio, depois vocês devem cuidar dos seus afazeres em seus clubes e na horta. Depois serão dispensados, mais cedo que de costume. Até breve.

Então o diretor Mizuki saiu da sala, resmungando algo sobre a tecnologia ser uma praga. Enquanto ele resmungava nos corredores, o professor Miyazaki dizia para os alunos abrirem seus livros para uma interessante aula de Física. Enquanto o professor começava sua aula sobre aceleração centrípeta, seja lá o que for isso, Daichi virou para Hiroshi, sentado ao seu lado, que tinha uma expressão de alivio no rosto.

– Se salvou por pouco cara! – disse Daichi para seu amigo.
– E como ele ia saber que era o meu Digimon? – perguntou – Eu fiz ele parar bem rápido.
– Porque você está branco que nem papel. – disse Megumi, que estava sentada ao lado de Daichi.
– E tremendo. – riu-se Daichi – Sorte sua que ele é meio cego, se ele tivesse mais perto você tinha se ferrado!

E os três continuaram conversando, juntamente com uma boa parte da sala, enquanto o professor explicava algo complicado. O professor Miyazaki era um homem de vinte e poucos anos, que adorava ensinar mas não conseguia controlar muito bem os alunos. No ultimo dia de aula, ainda por cima num sábado, era mais do que óbvio que ninguém queria aprender coisa alguma, mesmo se tratando do Japão, país em que se leva escola a sério.
Depois da aula de Física veio a aula de Inglês, mas a situação da sala continuou a mesma. Depois veio a confraternização, um daqueles típicos eventos escolares onde se canta o hino do Japão, de Tokyo e fazem várias coisas que os alunos odeiam. Então entregaram os boletins, terror de muitos alunos. Quando acabou isso tudo, os alunos foram cuidar dos seus clubes. Daichi e Megumi foram encaixotar os objetos de seu clube, o Clube de Críticos de TV, uma idéia que Daichi teve para que ele e os amigos pudessem ver televisão na escola, fazendo relatórios sobre programas e críticas sobre os programas. Era uma idéia absurdamente idiota, que acabou dando certo porque acharam um professor besta o bastante para achar que essa era uma idéia séria – o professor Miyazaki. Hiroshi foi ajudar na horta, mas na verdade ficou apenas andando em volta dos canteiros e fingindo trabalhar.
Logo a hora da saída chegou, e na esquina da escola, os alunos do primeiro ano se reuniram, com seus DPs em mãos.

– Hora de jogar! – exclamou Daichi, sacando seu DP.
– Não esquece a nossa aposta cara! – lembrou Hiroshi.
– Aposta? Que aposta? – perguntou Megumi.
– A gente vai jogar e quem perder paga o almoço. – explicou Daichi.
– É isso aí! E eu vou ganhar! Vou ser o campeão!!! – gritou Hiroshi, correndo em direção aos colegas de classe – QUEM VAI SER O PRIMEIRO!?
– O que esse doido tá fazendo? – perguntou Megumi, rindo.
– Ele tem esses acessos de loucura de vez em quando...

            Logo um garoto apareceu com uma pequena chave de batalhas feita numa folha de caderno durante a aula de Física. Eles sortearam os números para montar as chaves e logo o torneio começou. Daichi conseguiu vencer as primeiras batalhas facilmente, usando seu Bearmon. Não era a toa que ele era conhecido como o melhor Tamer da sala. Megumi, que nunca tinha jogado contra ninguém da sala, surpreendeu todos ao vencer suas batalhas também facilmente, já Hiroshi ia vencendo os colegas de classe com certa dificuldade. Logo chegou a vez de Daichi e Hiroshi batalharem.

– Preparado pra perder? – provocou Daichi.
– Ah, ta falando com você mesmo? – perguntou Hiroshi, recebendo um olhar de “você não sabe nem zoar” de seu amigo – Dane-se, vamos jogar logo!

Então os dois conectaram seus DPs e começaram o jogo. Daichi usou seu Bearmon, único digimon que possuía, enquanto Hiroshi usou um Thunderbirmon. Apesar de o digimon pássaro ser muito maior que o urso, o pequeno estava levando vantagem, já que desviava de todos os ataques elétricos de Thunderbirmon, e seus ataques causavam bastante efeito. Bastaram alguns golpes para o pássaro azul de Hiroshi ser derrotado.

– Te vejo na barraca de ramen. – disse Daichi em tom de gozação, fazendo um sinal de vitória com a mão.
– Esse seu Bearmon é uma aberração! – exclamou Hiroshi indignado – Como um Child pode ganhar do meu Thunderbirmon?
– Eu não jogo Digimon Online, esqueceu? Bear não tem nenhum Ponto de Evolução... Mas o level dele é bem maior que do seu digimon.

Logo já havia se formado uma platéia em volta dos alunos do primeiro ano. As batalhas continuaram, ficando cada vez mais acirradas. Daichi continuava vencendo, e Megumi também se destacava. Logo chegaram as semifinais, e os dois iriam se enfrentar. Eles se cumprimentaram e conectaram os DPs para começar a batalha.
Daichi novamente usou Bearmon, afinal, era seu único digimon. Já Megumi mandou um digimon no mínimo peculiar: era verde, com pés semelhantes a raízes, flores azuis no lugar dos braços, e pétalas vermelhas ao redor do pescoço e na cabeça.

– Que tipo digimon é esse? – indagou Daichi.
– É uma Floramon. – respondeu Megumi.
– Ah ta... Não conhecia esse digimon. Mas, vamos começar a batalha!

            Daichi e Megumi selecionaram os ataques de seus digimons e a batalha começou. Bearmon atacou com uma seqüência de chutes, mas Floramon revidou disparando um pó amarelo da flor no braço. Ao ser atingido, o ursinho ficou atordoado, errando todos os golpes. Vendo isso seu Tamer resolveu mudar a estratégia e fez o digimon pular e descer atacando, atingindo a Floramon em cheio. Um ataque foi o suficiente para tirar mais da metade do HP da digimon adversária.

– Parece que eu estou ganhando... – disse Daichi, de forma irritante.
– E a batalha está esquentando, meus amigos! – gritou Hiroshi de repente, começando uma narração – Mas Bearmon tem uma clara vantagem!
– Ei, vocês dois, eu ainda não perdi! – rebateu Megumi.

        Megumi apertou um botão e um item apareceu nas telas dos dois DPs, seguidos de uma frase: “Human Spirit of Ice Set! Floramon Spirit Evolution! Chakkumon!” Depois de sofrer a Spirit Evolution, a digimon de Megumi agora se a assemelhava a um boneco de neve, com uma roupa verde e segurava algo semelhante á um lança-mísseis. Além disso, o HP dela foi totalmente recuperado.

– OHHHH!!! Floramon evoluiu para Chakkumon! Que virada inesperada! – gritava Hiroshi, sem perceber que ninguém estava prestando a mínima atenção em sua narração.
– Cala a boca Hiroshi, eu tô tentando me concentrar! – gritou Daichi.

            Eles retomaram o jogo, mas a situação inverteu-se. Quando Bearmon atacava, Chakkumon transformava o corpo num tipo de iceberg, que quando o urso acertava explodia, causando dano e defendendo ao mesmo tempo.

– Bearmon não consegue atacar! Daichi está encurralado! – Hiroshi continuava sua narração – O que ele fa-
– Só vou dizer mais uma vez! Cala a boca, Hiroshi. – disse Daichi lentamente, em um tom de ameaça. O menino resolveu ficar quieto.

“Eu não sabia que a Megumi joga tão bem.” Pensou Daichi. “Ela percebeu que o Bearmon precisa chegar pero pra atacar, então ela simplesmente faz a digimon dela se proteger no gelo e... É isso!” O garoto rapidamente apertou alguns botões. Bearmon ficou imóvel, enquanto Chakkumon usou seu ataque do iceberg, chamado Tsurara Lala, mas falhou, pois o urso estava distante.

– Concentrando energia né? – perguntou Megumi, que estava sorrindo.
– É isso aí! – respondeu Daichi, que também sorria. Estavam se divertindo bastante naquela luta.

No turno seguinte, Bearmon atacou rapidamente, fazendo seu soco carregado com poder extra atravessar a defesa de Chakkumon e acertá-la em cheio. Os outros alunos estavam formando um grande círculo em volta dos jogadores, dividindo a atenção entre a batalha dos dois amigos e á outra. Apesar de Chakkumon ter sido atingida, ela rapidamente contra-atacou disparando várias bolas de neve do seu lança-mísseis, atingindo Bearmon e deixando-o fora de combate.

– Perdi! Você é uma boa Tamer, Megumi.
– Obrigada! O seu Bearmon é bem forte também. Mais sorte na próxima!
– Beleza então, eu vou indo. – despediu-se o garoto. – Hiroshi, vem.
– Não, eu quero ver a final! – respondeu o garoto de cabelos verdes.
– Você tá é tentando fugir da aposta! Vamos logo! – falou Daichi, puxando o amigo pela camisa – Boa sorte na final Megumi. E encontra a gente lá naquela barraquinha de ramen do outro quarteirão. O Hiroshi paga!
– EI! – protestos Hiroshi – A aposta era que eu tinha que pagar o SEU almoço!

Os dois foram para a barraca de ramen, meio aos protestos de Hiroshi. Um pouco mais tarde, já na tenda de ramen, os dois amigos comiam e conversavam. Na verdade, Hiroshi tentava começar uma conversa, para fazer Daichi comer menos. Eles estavam ali há apenas dez minutos e Daichi já estava na segunda tigela.

– E as suas notas? Foram boas?
– Sim. – respondeu Daichi, com a boca cheia – E as suas?
– Estão mais ou menos. Tem duas vermelhas. Ah, olha a Megumi-chan ali.
– Oi. – disse Megumi sentando-se.
– Ganhou a final? – pergunto Daichi.
– Perdi. Joguei contra o Nozomu-kun. Ele usou um Mamemon, não tive nem chances...
– Mamemon? Eita, semana passada era um Igamon. Aquele desocupado do Nozomu deve ficar jogando Digimon Online o dia inteiro. – falou Daichi. Depois se virou para o dono da barraca e disse, para o desespero de Hiroshi – Me dá mais um desse, por favor.
– Eu quero um miso-ramen, por favor. – pediu a menina ao cozinheiro.
– Mas você paga o seu! – falou Hiroshi rudemente – Esse morto de fome me deixou sem grana!
– Você perdeu a aposta, não tem o direito de reclamar. – sentenciou Daichi.
– Aff...
– Mudando de assunto... – começou Megumi – Daichi, você não joga Digimon Online né? Por quê?
– Porque o meu pai fala que isso é jogar dinheiro no lixo. – falou desanimado.
– Mas Digimon Online não é um jogo normal. – exclamou Hiroshi – Tipo, não parece que você está jogando um game. Parece que você tá mesmo no Digital World! Eu não sei explicar, é um negócio meio louco.
– Você que é meio louco cara. – falou Daichi rindo.
– Mas ele tá certo. – disse Megumi – É que o jogo usa Realidade Virtual de ponta.
– Vocês só estão me fazendo ficar com mais vontade de jogar caramba... – reclamou Daichi.

            Eles pararam a conversa para terminarem de comer logo. Enquanto comiam, Daichi ficou imaginando como seria jogar Digimon Online, e resolveu pedir novamente ao pai, usando o velho papo de “minhas notas melhoraram”.
Depois que acabaram de comer, Hiroshi e Daichi despediram-se de Megumi, que tinha que ir á estação de metrô para ir para sua casa, em Shinjuku. E os dois continuaram andando, até chegarem á casa de Daichi.

– Falou cara, até mais tarde – despediu-se Hiroshi.
– Até... – respondeu Daichi, entrando em casa.

            E assim começa nossa história, com três amigos, três Tamers. O destino tinha algo reservado á eles, apesar deles não terem idéia disso. Naquele momento, o grande desafio de Daichi era convencer seu pai, que não admitia a idéia de gastar dinheiro todo mês com algo que não fosse necessário para a vida da família a deixá-lo jogar Digimon Online. Ele não tinha muita esperança, mas... Não custava nada tentar.

Continua...

Não perca o próximo capitulo de Digimon Network: Digimon Online.

Até a próxima!

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