domingo, 17 de outubro de 2010

Digimon Network: Episódio 06 - Batalha em Snow City! Memórias enterradas na Neve.

Clique aqui para saber mais sobre a fanfic   
            Num campo não muito longe de White City, ficava uma grande construção branca. Assemelhava-se a um pequeno castelo, porém com formas arredondadas, dando uma aparência moderna ao lugar. Aquela era a base dos Knights of the Round Table no Continente Folder. Ali era onde as pessoas que comandavam Digimon Online se reuniam, além de ser o lugar de onde são transferidas suas tarefas – desde organização de eventos até resolução de problemas com o sistema.
            Takeshi andava por um dos corredores daquele lugar com alguma pressa. Várias pessoas transitavam por ali, a maioria vestindo a capa vermelha característica dos Moderadores, outras, vestindo uniformes brancos e roxos. Esses eram funcionários da Mirai Corp, que estavam lá para supervisionar as ações dos Knights. O porque da necessidade disso era desconhecido pela maioria, e ninguém realmente se importava com isso. O homem entrou por uma porta, que dava para uma sala ampla, com algumas maquinas para teletransporte pelo Digital World e vários computadores. Alem disso, havia um carpete na sala com o desenho de um tigre e um dragão em volta do símbolo do Yin e Yang no centro. Ali estavam algumas pessoas, todas trajando capas vermelhas, uma garota em especial tinha detalhes dourados em sua capa. Ela tinha cabelos negros longos e olhos verdes.

– Chang-chan! – disse Takeshi caminhando em direção a garota – O Liu está por aqui?
– Não, ele disse que tinha umas coisas para fazer e saiu. O que você precisa falar com ele é urgente?
– Na verdade não, ele tá me devendo uma batalha. Queria resolver isso logo antes de partir, vou ter que fazer um trabalho no norte do continente.
– Ora, vocês podem lutar quando ele voltar. – disse ela.
– Ah, mas eu estou com pressa! Aquele chinês vagabundo, deve ter fugido de propósito!
– Sem pressa, não sabe que a quem sabe esperar o tempo abre as portas? – retrucou Nina Chang cruzando os braços.
– Olha, não to com muito saco pra filosofia de livro de auto-ajuda hoje não... – ironizou Takeshi – Bem, fala pra ele parar de correr e me enfrentar logo. Até depois.
– Livro de auto-ajuda é...

            Takeshi não ouviu o resto da frase, pois já havia saído da sala a essa altura, se despedindo com um aceno da mão. Ele andou mais um pouco pelos corredores, até encontrar dois amigos. Um era da mesma altura de Takeshi, tinha cabelos cor de palha ondulados e olhos castanhos. Estava vestindo uma capa vermelha com detalhes dourados e era acompanhado por um Callismon, digimon com aparência de um grande lobisomem de pelos roxos. A outra era uma garota um pouco mais baixa que os dois, tinha cabelos negros e longos e olhos também negros, vestindo uma capa azul e dourada como a de Takeshi. Ao seu lado estava LordKnightmon, digimon de três metros de altura trajando uma armadura rosa e dourada, muito trabalhada e possuindo um grande escudo na mão direita. Esse digimon era um dos lendários Royal Knights, um grupo de digimon muito poderosos, ao qual pertencia também o Omegamon de Takeshi, que tinham como Tamers os 10 Knights of the Round Table.


– Yo Josh, yo Dayane! – cumprimentou Takeshi acenando.
– E ai Take. – disse Josh, enquanto Dayane acenou com a mão.
– Sabe que eu não gosto que me chamem de Take. – reclamou ele.
– Eu sei. Por isso eu chamo. – respondeu o jovem rindo.
– Legal você heim... Ah, Dayane, como andam as coisas com o Torneio?
– Tudo está indo bem. A Arena está sendo construída ainda, mas acho que vai dar tempo. – disse a garota. – Ah, uns caras da Mirai estavam procurando você mais cedo. Acho que eles têm algum trabalho. – disse em tom brincalhão e batendo continência, como se dissesse “esse é um trabalho para o chefe”.
– Eu sei, eles já me acharam. Eles querem que eu vá fazer um Debug no norte desse continente. Parece que alguns jogadores reportaram coisas estranhas por lá. Mesma merda de sempre. – explicou Takeshi.
– Hum... Será que é algum digimon revoltado com os humanos de novo? – perguntou a garota pensativa. – Ultimamente têm aparecido muitos problemas desse tipo...
– Yeah, eu tenho um mal pressentimento sobre isso. – disse Josh.
– Eu acho que isso é natural. – disse Callismon. – Alguns digimon sem Tamer não gostam da presença de humanos no Digital World. Então se um humano desrespeita-os eles atacam. Eu faria o mesmo no lugar deles.
– Isso é porque você é um selvagem. – disse LordKnightmon com desprezo. Sua voz e seu porte era o que tipicamente se chama de “bicha louca” – Eu acredito que o diálogo é a melhor forma de resolver esses problemas. Porém, esses desordeiros estão desrespeitando as regras, e usando da violência, por isso merecem o Punho da Justiça! – o digimon ergueu sua mão direita para o céu e deu uma risadinha debochada.
– Não pedia a tua opinião, sua bicha. – retrucou o lobo roxo.
– Bicha não! – retrucou o cavaleiro rosa enfurecido, erguendo sua mão que possuía o escudo – Eu sou apenas-
– LordKnightmon, menos. – Pediu Dayane, temendo uma luta entre os dois.
– Você também Callismon. – disse Josh. – Não vale a pena. – cochichou pelo Digivice para apenas seu digimon ouvir.
– Eu adoraria ficar e ver a discussão entre o homem feminino e o lobisomem, mas eu tenho trabalho a fazer! – disse Takeshi acenando e saindo dali o mais depressa que pôde.
– Ah, Takeshi! Você já escolheu o Coordenador que você disse que queria no torneio? – perguntou Dayane.
– Já sim. É o Ren. – respondeu ele ainda se afastando. – Até depois!

            Takeshi deixou os amigos discutindo a sexualidade do cavaleiro rosa e se dirigiu para uma sala com vários aparelhos grandes de forma cilíndrica. Omegamon esperava-o lá dentro.

– Você demorou. Onde estava? – perguntou Omegamon.
– Fui atrás do Liu, mas ele não tá por aqui. Bem, vamos acabar logo com isso! – Takeshi se dirigiu até um dos aparelhos. Havia um pequeno painel em frente ao cilindro. Takeshi apontou o Digivice e transferiu alguns dados. Logo uma luz vermelha que estava acesa sob o painel se tornou verde, apareceram algumas informações numa pequena tela e uma porta se abriu no cilindro. Takeshi e Omegamon entraram, e em seguida o jovem apertou um botão em seu Digivice. A porta se fechou, e uma forte luz brilhou dentro do cilindro.

- - -

Um garoto andava por uma floresta coberta de neve. Ele tinha cabelos castanho-escuros e curtos, olhos também castanhos e pele branca. Estava vestindo um agasalho e era acompanhado por um digimon que se assemelhava á um cavaleiro, porém seu abdômen era unido ás costas de seu cavalo. Trajava uma armadura de samurai dourada e possuía uma grande espada presa às costas.

 – Falta muito? Não gosto de andar nesse frio. – disse o digimon, Zanbamon.
– Acho que só mais um pouco. Depois dessa floresta está a Snow City, onde combinei de encontrar com o pessoal.
– Aquele pessoal barulhento... – suspirou Zanbamon. – Aliás, hoje é véspera de Natal não é? Vocês humanos não costumam comemorar em família?
– Hum. É isso mesmo que eu tô indo fazer. – respondeu o garoto sorrindo.

            Eles andaram por mais algum tempo, até que saíram da floresta. Viram então uma pequena cidade com casas de pedra. Ficava á beira de uma montanha. A cidade estava toda decorada com enfeites coloridos, e havia uma grande árvore de natal numa praça em seu centro. O jovem e seu digimon correram para a praça, passando por vários digimon e algumas pessoas pela rua. Chegando lá, avistou dois garotos. Um deles aparentava ter a sua idade, tinha cabelos loiros na altura do pescoço, olhos azuis e pele branca. Estava vestindo uma blusa de frio branca e ao seu lado estavam dois digimon, um que parecia um anjo, trajando vestes finas e com um elmo roxo, chamado HolyAngemon. O outro era pequeno e branco, e o garoto o carregava nos braços. Era um Pitchmon.
O outro garoto aparentava ser mais jovem que os dois, tinha cabelos cor de palha curtos e ao seu lado estava um digimon lobo bípede, WereGarurumon.

– Yo Dave, yo Josh – cumprimentou o garoto se aproximando.
– Take! – cumprimentaram os dois.
– Não é Take! Meu nome é Takeshi! – retrucou o jovem Takeshi irritado. – Não gosto desse apelido.
– O Dave que inventou, brigue com ele. – riu Josh apontando Dave, ao seu lado.
– É só um apelido, não tem motivo pra ficar bravo. – respondeu Dave. – Por que você odeia tanto isso?
– ... Não interessa!  – disse o garoto virando a cara.
 – Eu sei! – cantarolou uma voz atrás de Takeshi. Ele se virou e viu um jovem de cabelos negros e lisos e olhos também negros bem puxados, característicos de chineses. Tinha um sorriso de deboche no rosto. Estava acompanhado de um digimon semelhante a um pássaro totalmente revestido por uma  armadura dourada, Crossmon.
 – Liu? Você tava ai? – surpreendeu-se Takeshi.
– Ele tinha ido à barraca de pastel. – informou Josh.
– Sabe, outro dia o Take me contou porque não gosta desse apelido. É que...
– Cala a boca Liu! – gritou Takeshi.
– Era assim que a namorada dele na oitava série chamava-o, e ele não gosta do apelido porque lembra de quando ele levou chifre dela! – gritou o chinês gargalhando. Em seguida Takeshi tentou lhe acertar com socos, mas Liu esquivava com perfeição. O resto apenas ria da cena.
– Eu disse pra você manter segredo, seu idiota! – gritou Takeshi, ao finalmente acertar um soco no chinês.
 – Eu nunca disse que concordava em manter segredo! – retrucou Liu revidando o soco com um chute.
– Ei, parem de brigar. – disse Dave, que não gostava de brigas inúteis.
– Deixe-os. – disse Zanbamon.
– É, deixe os dois brigarem que uma hora eles se entendem. – concordou Crossmon.
– Não sou muito fã dessa filosofia de porrada de vocês... – respondeu o garoto descontente.
– Já devia ter se acostumado. – disse Josh rindo. – É sempre assim. Eles se encontram, brigam e depois já está tudo normal de novo.

            Nesse momento a luta se encerrava com ambos caindo no chão devido á um soco no rosto.

– Com isso eu tenho vinte e uma vitórias, doze empates e nove derrotas. Acho que eu ainda estou ganhando. – caçoou Liu.
– Quem está contando? – retrucou Takeshi.  – Além disso, você luta Kung-fu e eu Kendo. Lógico que em lutas corporais você ganha. Arrume uma espada e venha lutar comigo pra ver o que acontece.
– Não quero ouvir desculpas de um fracassado chifrudo! – disse Liu gargalhando em seguida.
– Cale-se
!

- - -

            Uma luz desceu dos céus nas proximidades de Snow City, e nela se materializaram Takeshi e Omegamon. Estavam no verão, então não estava tanto frio quanto da vez que Takeshi esteve lá há alguns anos, porém ainda havia neve, pois estavam na região polar. O homem e seu digimon andaram bem sérios pela floresta. Estava nublado, algo bastante comum por aquela região.
Chegando á cidade, encontraram-na totalmente diferente da noite de Natal que estiveram ali. Obviamente não haveriam enfeites, pois estavam no final de Julho. Mas a cidade estava diferente por outros motivos. Estava tudo fechado. Aquela cidade era conhecida por suas lojas de roupas, mas não havia uma sequer aberta. Muitas das casinhas de pedra pareciam estar abandonadas. Takeshi olhava a pequena cidade de cima de uma colina com um olhar um tanto triste. Não só pela cidade destruída como também por se lembrar de alguns de seus amigos que ele não via há algum tempo.

– A cidade parece abandonada. – disse Omegamon. – Estranho, só foram reportadas anormalidades há alguns dias... Como já pode estar assim?
– Não sei. Ainda deve ter alguém na cidade, vamos investigar.

            De fato, ainda haviam alguns digimon na cidade, em sua maioria mais velhos. Interrogando-os, Takeshi descobriu que já há algumas semanas ocorriam casos de desaparecimentos de digimon nos arredores da cidade. Alguns, com medo, se trancaram em casa ou foram embora, já outros, partiram pela floresta para descobrir a causa dos desaparecimentos e nunca mais voltaram. Então na última semana, houve casos de ataques á humanos. Takeshi sabia bem que independente de quantos digimons desaparecessem, o pessoal da Mirai não se importaria em mandar um Knight a menos que acontecesse algo a um humano. Segundo os digimons da vila, digimons parceiros de humanos tinham morrido na floresta, e seus Tamers voltavam com medo e em seguida se teleportavam para fora do Digimon Online. Possivelmente um desses havia notificado ao Suporte do jogo e por isso ele estava ali agora.

– O que acha que pode ser? Algum digimon com raiva dos humanos? – perguntou Omegamon.
– Raiva ou não, um digimon tem que ser doido pra atacar um humano. Eles são deletados se fazem isso.
– Mas podem ter alguns que preferem morrer lutando que se omitir. Muitos humanos tratam digimon como lixo, como nada.
– Callismon também me disse algo assim. O problema é que isso é o normal. Quase todos pensam que isso é apenas um jogo. É raro as pessoas respeitarem um simples personagem de jogo. – disse Takeshi. – Cara eu acho esse povo muito tapado. Na primeira vez que eu briguei com o Liu e fiquei com a cara doendo já me toquei que esse lugar é real.
– Sim, mas poucos têm a mente tão aberta. Acham que essas sensações são falsas, criadas pelo cérebro devido ao nível da Realidade Virtual do jogo.
– Yeah, humanos são burros. E os que descobrem a verdade recebem dinheiro pra calar a boca. – disse Takeshi com certa indignação na voz. – E mesmo que falassem algo, a mídia os ridicularizaria, chamaria de loucos. Detesto isso. Detesto a Mirai.
– Sim, mas você trabalha para eles, afinal.
– É mais fácil cuidar da segurança do Digital World estando aliado á eles. E alem disso... Tem pessoas mais perigosas pra se preocupar. De qualquer jeito, vamos pra floresta logo achar o tal digimon que anda fazendo merda. – enquanto andava, Takeshi verificava a descrição do Digimon segundo os Tamers que o viram. Era descrito como um digimon desconhecido de cor roxa com aparência mecânica. Por não ser identificado, era registrado na descrição do trabalho como um Bug ou uma alteração ilegal no código do jogo. – Parece que é um digimon nunca visto antes. Isso é estranho.

            E assim adentraram a floresta para encontrar o digimon misterioso.

- - -

            O grupo de Takeshi estava sentado em bancos na praça central de Snow City, onde haviam algumas fogueiras e a arvore de Natal imensa. Eles conversavam coisas aleatórias enquanto comiam um bolo de Natal recém comprado.  Tinham decidido passar a noite de Natal ali, porque eles apesar de viverem longe uns dos outros, eram grandes amigos, e naquele feriado todos eles não tinham realmente um motivo para ficar no “mundo real”.

– Será que o resto do povo vem? – perguntou Josh enquanto comia seu bolo.
– Sei lá. O Lucas e a Dayane-chan eu sei que vêm. – respondeu Takeshi. – O resto não deu certeza
– Falei com o Leo hoje mais cedo, ele disse que se conseguir fugir dos compromissos com a família dele, ele viria. – disse Josh.
– Leo e sua família. Esse povo deve ser chato pra caralho, ele vive reclamando que pegam no pé dele. – disse WereGarurumon.
– Ele é da Itália não é? Vai ver é uma família de mafiosos e ele tem que cuidar “de los negócios de la Famiglia” – disse Takeshi rindo.
– Isso ai era pra ser italiano? – riu-se Dave estranhando da mistura de espanhol e italiano dita no forte sotaque oriental do amigo.
– Você entendeu o que eu quis dizer. – retrucou ele.
– Muito engraçado. – disse uma voz baixa atrás de Takeshi. Ele se virou e deu de cara com um garoto baixo, de cabelos castanhos na altura do pescoço, olhos claros e pele muito branca. Aquele era Leonardo, de quem eles estavam falando. Ao seu lado estava um digimon dinossauro alado, AeroV-Dramon. – Mas minha família é complicada mesmo. Saí escondido da festa deles.
– Ah tá... Espera, de onde você saiu? – Takeshi olhava para o garoto surpreso, afinal ele tinha surgido do nada.
– Eu vim voando com o Aero.
– Voando NO Aero você quer dizer né? – retrucou o digimon azul. – tive que te carregar de East City até aqui.
 – Era o único jeito.
– Leo, sua família não vai brigar por você ter fugido da festa deles pra vir aqui? – perguntou Dave um tanto preocupado. – Podem até te proibir de jogar.
– Tudo bem, eu me entendo com eles depois. – ele coçou a cabeça e olhou em volta. – O resto do pessoal ainda não chegou?
– A menos que eles estejam invisíveis, não. – respondeu Crossmon numa tentativa falha de ser engraçado.

            Nesse momento se aproximaram deles três pessoas. Um garoto moreno de pele parda, vestindo uma camiseta da seleção brasileira de futebol, shorts e um par de havaianas em pleno frio de cinco graus negativos, acompanhado por um digimon réptil azul, vestindo calças verdes e com partes de uma armadura metálica no corpo, Strikedramon. Junto dele estavam dois jovens loiros de olhos azuis, eram eles um garoto de cabelos arrepiados, vestindo roupas de couro, e uma garota um pouco menor que o garoto, vestindo um casaco rosa e calças jeans. Em seu colo estava uma pequena digimon gata, Tailmon. Acompanhando o grupo de longe estava um digimon semelhante a um tigre, porém com asas. Seu nome era Mihiramon e ele pertencia ao loiro, Charlie, porém não gostava daquela aglomeração e preferiu ficar um tanto distante.

– E ai pessoal! – cumprimentou Charlie, enquanto a garota acenou e o outro garoto apenas tremia encolhido. Os grupo ali reunido cumprimentou-os também.
– Ei Lucas, por que você não ta agasalhado? – perguntou Dave vendo o garoto tremer.
– Isso é para os fracos. – disse o garoto tremendo. – O frio é psicológico.
– Psicológico nada. Coloca algum agasalho.
– Bem, eu...
– Ele não tem nenhum. – disse Strikedramon. – As únicas roupas dele no Digital World são essas ai.
– Como sempre, o Lucas não sabe guardar dinheiro. – disse a garota loira, Valentine.
– Isso explica por que ele tá com uma camisa do Brasil sendo que a copa acabou há meses e ainda por cima eles não ganharam. – disse Takeshi. – Lucas, eu te empresto uma grana pra você comprar roupas de frio.

            Assim eles foram até uma loja e compraram uma blusa, uma calça e um par de botas para Lucas, que disse que pagaria na próxima semana. Takeshi nunca recebeu o dinheiro.
Depois disso o grupo ficou conversando, e logo se juntaram a eles Dayane, na época de cabelos mais curtos, e seu Knightmon, digimon cavaleiro com uma armadura prateada.
            O grupo de amigos ficou conversando por um tempo, e já era quase meia-noite. Foi quando viram cruzar o céu uma grande estrela cadente.

– Olha! – disse Dayane apontando. – Uma estrela cadente.
– Tenso, a gente ta vendo estrela cadente na noite de natal. Só faltava Jesus voltar no Digital World..  – disse Lucas rindo.
– Jesusmon! – disse Valentine rindo, em seguida fazendo um toque de mão com Lucas.
– Isso não é coisa pra fazer piada. – disse Dave meio irritado.
– Ihh galera, irritamos o crente do grupo! – disse Lucas rindo mais ainda.
– Ei, não parece que a estrela ta ficando maior? – disse Leo.

            Todos voltaram a olhar para cima. Após ver a estrela quase todos tiraram os olhos do céu por alguns momentos para , e não repararam que a estrela cadente ainda estava no céu, e parecia aumentar de tamanho.

 – Mas aquilo está... – antes que Takeshi pudesse completar a frase, a bola de luz caiu na floresta nos arredores da cidade, causando um clarão e um barulho estrondoso – A estrela caiu!
 – Deve ser um meteorito. Vamos lá ver! – disse Charlie tomando a dianteira do grupo e correndo para a floresta, seguido por todos.

---

            Takeshi e Omegamon andavam pela floresta, atentos a qualquer movimento estranho. Andaram por meio aos pinheiros, até que chegaram a uma grande clareira. Em seu centro havia uma cratera, coberta por mato e com pequenas árvores crescendo em volta. Takeshi olhou para aquela cratera com uma expressão saudosista e ao mesmo tempo triste no rosto.

– Orihime-chan... – disse ele.
– Já fazem uns dois ou três anos desde que estivemos aqui pela ultima vez, né? – perguntou Omegamon.
– Por ai. Foi no Natal de 2006. – Takeshi voltou a andar – Bem, se ficarmos parados aqui não vamos terminar nunca, certo?

            Os dois passaram pela clareira e se embrenharam novamente na parte mais fechada da mata.

---

            O grupo de jovens e digimon corriam pela floresta em direção  onde a estrela cadente havia caído. Depois de algum tempo de corrida, chegaram à uma clareira provavelmente aberta pela queda, com várias arvores caídas em volta, e em seu centro havia uma pequena cratera. Dentro desta, algo emitia uma fraca luz. Aproximando-se, os jovens perceberam que tinha forma humana. Quando o brilho cessou, viram que se tratava de uma garota, que aparentava ter em torno de 12 anos, com cabelos loiros longos e olhos verdes. Ela olhava para Takeshi e os outros, que estavam com expressões confusas nos rostos.

 – Então aquele meteorito era uma garota? – Takeshi perguntou olhando para os amigos, todos tão confusos quanto ele.
– Você está bem? – perguntou Dave se aproximando da cratera.
– Hum... Sim. – respondeu a menina, com uma voz baixa. Ela se levantou com alguma dificuldade – Onde eu estou?
– Snow City, no norte de Folder. Meu nome é Dave. Qual é o seu?
 – ... Não me lembro. – ela colocou a mão na cabeça.
– Você tá com amnésia? – perguntou Valentine surpresa.
– Deve ter batido a cabeça quando caiu. – disse Charlie.
– Se ela bateu a cabeça na queda, me surpreende ela não ter rachado. – Lucas olhava para a cratera, sem entender como a queda da garota a formou. Então lembrou-se da luz, e pensou ser obra de um digimon. – Ei garota, onde está seu digimon?
– Eu não tenho.
– Não? – Takeshi estranhou isso, pois todos os humano ali deveriam ter digimon. Então ele olhou para os pulsos da garota, e notou que ela não possuía um Digivice. – Menina, você se lembra de onde vive?
 – Não sei... Eu só lembro que eu estava fugindo de alguém.
– Alguém te atacou ou coisa assim? – perguntou AeroV-Dramon.
– Eu me lembro que tinha alguém me perseguindo. – disse ela olhando para os próprios pés. – Eu estava com muito medo. Mas eu não consigo lembrar porquê estavam atrás de mim, nem quem era. – ela tremia um pouco.
– Calma, independente de quem estava atrás de você, se ele aparecer agora a gente dá um jeito. Afinal somos muitos! – Disse Takeshi fazendo sinal de positivo com a mão. – Então, pode ficar mais tranquila!
– Ei Take, não saia incluindo todo mundo nisso! – disse Charlie, que também havia notado o fato de a garota não possuir um Digivice preso ao pulso, e achava isso muito estranho.
– Tudo bem Charlie, pensando melhor isso pode ser algum evento do jogo né? Tipo uma quest especial de natal ou algo assim. – disse Josh, pensando que essa era a alternativa mais provável.
– Não acho que seja isso... – discordou Takeshi.
– Por que não? Eu acho que não tem como ser mais nada além disso! – insistiu o garoto.
– Tá bom, esquece o que eu disse. – Takeshi estava pensativo
“Não é de hoje que eu venho pensando que esse Digital World não é simplesmente um jogo... Já senti dor mais de uma vez aqui nesse mundo, e todos os digimon que eu já encontrei parecem ter vida... Talvez essa garota seja a chave pra entender o que está acontecendo. Afinal, ela não tem Digivice, e aparentemente ela voou e brilhou sem usar um digimon.”
– Bom, então o que acham de voltar pra cidade? Tá muito frio aqui, quero ir pra perto das fogueiras! – disse Lucas encolhido.
– Concordo com ele. – disseram Strikedramon e Tailmon.
– Bem, então, quer vir conosco? – perguntou Takeshi olhando para a garota. – Orihime-chan?
– Orihime? – perguntou a garota sem entender.
– Sim. Orihime é uma personagem de uma lenda japonesa, é uma princesa que vive na Via Láctea. Orihime é representada pela estrela Veja. Ai eu pensei que como não sabemos seu nome verdadeiro, esse seria um bom nome, já que você apareceu numa estrela cadente. – explicou Takeshi sorrindo.
 Take, quem você acha que é pra sair dando nomes aos outros?- riu-se Liu.
– E você quer o que, que fiquemos chamando ela de “garota”? Mas claro, eu só te chamo assim se você quiser. Tudo bem? – perguntou ele.
– ...Sim. É um nome bonito. – a garota então sorriu pela primeira vez.
– Á propósito, eu sou Takeshi. E esse aqui é meu Zanbamon. – disse ele apontando o digimon cavaleiro ao seu lado.
– Eu sou AeroV-Dramon, e o garoto calado aqui é o meu Tamer Leo! – disse AeroV-Dramon dando um “leve tapinha” nas costas de Leo, que quase caiu no chão.
 – Aero, cuidado!
– Eu sou Valentine, Orihime, espero que sejamos boas amigas! – Valentine pulou em direção á Orihime com os braços abertos, mas Lucas a puxou pela blusa.
– Val, nada de sair pulando em cima dela. Ela ainda tá confusa, nem tenta se aproveitar! – disse ele.
– Me aproveitar? Eu só ia dar um abraço amistoso nela! Você acha que eu faria algo com essa menina? – esbravejou Val.
– Eu acho. Você é um perigo para todos menores e mais fracos que você.
– Você fala de mim como se eu fosse alguma doida pervertida, tá causando mal impressão!
– Se você não me desse motivos eu não falaria assim!
– E lá vamos nós... – Strikedramon balançou a cabeça.
– Com o tempo você se acostuma com o jeito deles, eu acho... – disse Tailmon, próxima a Orihime.
 – Fale por você, eu não me acostumei com a companhia desse povo escandaloso até hoje. – retrucou Zambamon.
– Ah Zanbamon, a gente sabe que lá no fundo você gosta de passar o tempo com a gente! – falou WereGarurumon rindo. O cavaleiro apenas virou a cara.

            Após isso eles terminaram as apresentações e começaram a caminhar em direção á cidade junto com Orihime. Quando estavam no meio do caminho, o Mihiramon de Charlie, que andava mais à frente, afastado do resto do grupo, deu um grande salto para o lado, bem a tempo de desviar do ataque de um digimon. Não viram como era o digimon, ele era muito rápido, viram apenas um borrão negro e amarelo passar por eles. Mihiramon deu um rugido, como que desafiando o inimigo a se mostrar. De trás de uma árvore saiu um digimon humanóide com rosto de leão, com grandes presas e uma juba alaranjada. Usava uma roupa preta revestida em alguns pontos por uma armadura branca, e na ponta de seus braços e pernas haviam cilindros, semelhantes à turbinas.

– Um GrappuLeomon. – disse Takeshi reconhecendo o digimon à sua frente.
– Encontrou, GrappuLeomon? – perguntou uma voz vinda das arvores.

            Do meio das arvores saiu um jovem alto, de cabelos negros ondulados na altura do pescoço e pele branca, vestindo um sobretudo preto. Ao notar o grupo, olhou-os com indiferença.

 – Ei você, que idéia é essa de sair atacando os outros sem avisar? – perguntou Charlie.
 – Por acaso era você que estava perseguindo essa menina?- perguntou Takeshi, que estava ao lado de Orihime.
– Perseguindo? – o jovem olhou para Orihime. – Eu nem sei quem é essa pirralha. Eu estou atrás do digimon que pousou nessa floresta.
– Que digimon? – perguntou Josh.
 – Aquele que caiu como um meteorito. No meio do brilho eu vi uma silhueta. Aquilo tem que ser um digimon.
– Heh, seu idiota! Aquilo não era digimon nenhum, era a Orihi-  – Josh foi interrompido por seu WereGarurumon, que lhe deu um tapa na nuca.
– Cala a boca idiota! – disse o digimon lobo.
– Não era um digimon? – o jovem se surpreendeu, mas em seguida se lembrou da acusação dele ser o perseguidor da garota loira. – Não me diga que quem fez aquilo foi essa garota?
– E daí? Isso não tem nada a ver com você. – Takeshi queria encerrar a conversa.
– Não tem nada a ver com a gente também. – disse Liu rindo.
– Bem, eu vim para a floresta atrás do digimon que causou aquele clarão. Então ele é dessa garota? – ele olhava para Orihime, que se encolheu ao ser encarada. – Eu te desafio para uma batalha.
 – Uh... Eu não tenho nenhum digimon.  – disse ela
 – Todo mundo aqui tem digimon.
– Ei! – interrompeu Charlie – Seu digimon atacou meu Mihiramon. Acho que é comigo que você tem que lutar. – Mihiramon se posicionou à frente de seu Tamer e mostrou as presas.

            O garoto deu de ombros.

– Por mim tudo bem. Aliás, qual seu nome?
– Nunca te ensinaram que se quer saber o nome de alguém, precisa dizer o seu primeiro? – disse Charlie, ainda desconfiado com a aparição repentina do garoto.
– Haha... Aiai, achei que nunca ouviria isso na vida real. A ultima vez que vi essa frase foi num livro do Tolkien. Tá certo, meu nome é Drake Cove. Também conhecido como “Melhor Tamer da Grécia”. – Drake sorriu, parecia se orgulhar desse titulo. Nessa época, quando poucos jogavam Digimon Online, não era muito difícil os poucos jogadores beta criarem digimon mais fortes que de qualquer Tamer que não jogasse.
– Eu sou Charles Anderson, Melhor Tamer de Londers. – disse Charlie, também dizendo seu titulo de campeão de torneios. Apesar de ser considerado o melhor de uma cidade, enquanto Drake era de um país inteiro, este não disse nada, sabia que a Inglaterra tinha mais jogadores beta que a Grécia.
– Bem... – Drake ativou o Battle Mode de seu digivice, seguido por Charlie, porém antes de dar uma ordem, ele disse – Que tal um acordo? Se eu vencer, vocês têm que me contar o que exatamente aconteceu na floresta. – os olhos de Drake faiscaram. Sabia que aquele grupo estava escondendo alguma coisa, e queria saber o que era.
– E se eu vencer?
– Sei lá. – Drake franziu a testa, pensando. Até aquele momento não tinha pensado na possibilidade de ser derrotado. – Ah, que tal ficar com minhas Scan Datas? – apertou um botão em seu Digivice e enviou ao de Charlie uma pequena lista com suas Scan Datas, eram mais de 100.

            Charlie concordou, e assim a batalha teve inicio. Mihiramon partiu para cima de GrappuLeomon em grande velocidade, mas ele desviou facilmente. As turbinas em seus pulsos e canelas giravam rapidamente, enquanto ele ficava em posição de luta.

Shishijuu Hazan! – bradou ele, pulando em direção à seu adversário com o punho direito envolto por uma espiral de vento gerada pela turbina. Vendo que não teria tempo de desviar do golpe, Mihiramon defendeu-o com o escudo roxo em sua pata traseira, que foi destruído pelo impacto do golpe. Porém ele não perdeu tempo e golpeou a turbina com sua calda. Houve um som metálico e voaram faíscas. GrappuLeomon estranhou, mas logo entendeu.
Pão Bàng! – disse Mihiramon, enquanto sua cauda se dividia em uma espécie de Nunchaku. Atacou repetidas vezes com sua cauda, mas GrappuLeomon conseguia defender bem, até que o tigre enrolou seu braço direito na cauda, golpeando seu cotovelo com a ponta em seguida. O leão urrou de dor e raiva.

            Com um violento puxão, Mihiramon puxou GrappuLeomon para sua frente, e aplicou-lhe um corte com suas garras, atingindo-o nas costelas e arremessando-o num pinheiro próximo.

 – Nossa força é parecida, mas ele é mais rápido. – disse Charlie pelo Digivice. – Voe, assim ele não consegue te pegar.

            Mihiramon alçou voo, porém era difícil se erguer devido aos muitos pinheiros ali presentes. GrappuLeomon percebeu o plano rapidamente.

– Acha que eu vou deixar você correr pro alto? – o leão correu em direção a um pinheiro, ignorando os comentários de seu parceiro sobre o adversário estar voando, e que gostaria de saber onde o digimon vira alguém correr pra cima.

            GrappuLeomon pulou, fincando suas garras no tronco do pinheiro – um enorme, possivelmente muito velho –, em seguida dando um novo impulso, alcançando a altura de Mihiramon, que tinha certa dificuldade com alguns galhos. O leão segurou-se num galho e girou o corpo, a perna esticada acima de Mihiramon, com a turbina girando rapidamente. O tigre tentou reagir, mas já era tarde demais.

Senpuu Turbine Keri! – com um golpe extremamente rápido, Mihiramon foi atirado ao chão, com as costas cortadas pelo vento em espiral em volta da turbina, além de ossos quebrados pelo impacto. GrappuLeomon não perdeu tempo e mergulhou em sua direção, rindo com as turbinas dos braços com força total.
– Acabou! – disseram Drake e seu digimon em uníssono.

            Charlie apontou o braço para seu digimon e transferiu medicamentos. Ele se recuperou um pouco, apesar das costas ainda sangrarem, e teve tempo de pular para o lado quando GrappuLeomon atingiu o chão, fincando suas mãos no chão coberto de neve e gerando um vendaval branco. Mihiramon recuou para perto de Charlie, enquanto o leão saía do meio da neve com as turbinas girando mais rápido que o normal, derretendo a neve em seu corpo.

– Merda de neve! Por isso eu não queria vir pra essa droga de norte! – reclamou o digimon, e isso deu á Charlie uma idéia.

            Rapidamente, transferiu para Mihiramon uma Scan Data. O digimon sentiu uma sensação fria percorrer seu corpo, e seus pelos se tornaram brancos. Em volta de sua cabeça surgiu uma juba. Eram dados de um digimon de gelo. De um Panjyamon, que eles haviam derrotado à caminho de Snow City.
Drake bateu com sua mão na testa.

– Tinha que abrir a boca, né?

            GrappuLeomon ignorou, apenas olhou com raiva para Mihiramon, que lhe dava um sorriso irritante. Partiu para cima dele. O tigre porém lhe atacou com a cauda. A cada golpe o leão sentia o frio sendo irradiado para seu corpo então, se afastou, mas Mihiramon o seguiu. Era a abertura que o tigre precisava.

Reikikou! – usando as habilidades provindas dos dados de Panjyamon, Mihiramon soprou uma rajada de neve em seu adversário, mirando suas turbinas, que foram cobertas por uma camada de gelo. GrappuLeomon xingava e tentava socar o tigre, mas ele levantou voo e golpeou a cabeça do leão com sua cauda. Enquanto o adversário caía no chão, Mihiramon voou por entre os galhos, ficando bem no alto.
– Isso não vai me parar! – as turbinas demoraram um pouco para descongelar, mas em menos de um minuto já estavam normais novamente. Mihiramon ainda não atacara, mas quando GrappuLeomon resolveu ir em direção á um pinheiro, quase foi acertado por uma rajada congelante vinda do céu. Desviou por pouco, mas logo vieram mais. O tigre estava no alto, podia prever seus movimentos. – Preciso de asas!

            Drake imediatamente enviou dados á seu digimon. Da roupa negra de GrappuLeomon brotaram duas grandes asas de couro, cheias de buracos. Seus pelos dourados se tornaram negros, e seu rosto cinzento. O clima ficou mais pesado.  Eram dados de um Devimon.

 – Não tinha nada mais desagradável ai não? – reclamou GrappuLeomon, que não gostava da sensação dos dados daquele digimon das trevas misturado aos seus.
– Para de reclamar, você ficou mais legal assim. Agora, vá!

            GrappuLeomon levantou voo, desviando dos ataques gelados de Mihiramon. Bateu as asas quando um deles vinha em sua direção, e o calor liberado destruiu o ataque. Em seguida esse calor se reuniu em volta das turbinas dos pulsos do digimon, se tornando energia vermelha. Razor Wing. Energia destrutiva gerada pelas asas de Devimon. Normalmente seriam disparadas imediatamente pelas asas, mas GrappuLeomon conseguiu concentrá-las em seus braços.
            Deu um soco com a esquerdo. A energia foi disparada em Mihiramon, que bloqueou com o escudo de seu ombro. Porém ele não conseguiu bloquear a direita. O ataque atingiu-lhe no centro do corpo e lhe atiraram há 3 metros de distancia, rodopiando no ar. GrappuLeomon avançou rugindo em direção à seu adversário, com as turbinas das mãos girando novamente, reunindo vento – vento negro.

Shishijuu Hazan!
Hyoujuuken!

            O soco de GrappuLeomon foi impedido por uma baforada de gelo de Mihiramon, que não congelou o leão, mas fez ele se afastar. Mihiramon deu mais alguns ataques, que GrappuLeomon desviava, mas não tinha tempo para contra atacar, e Mihiramon ainda estava acima dele.

– Assim não dá... O Razor Wing demora demais pra ser feito... Ai vão mais alguns dados!

            Drake mandou mais uma Scan Data para o leão. Que agora não lembrava mais um leão em praticamente nada, a não ser a juba – sua face se tornara a de um réptil, assim como a cauda que surgiu nele. A pele era negra e grossa. Charlie viu pelo seu digivice que se tratavam de dados de um DarkTyranomon.

– Agora melhorou. – GrappuLeomon sorria com sua nova cara de lagarto. Em seguida abriu a boca e disparou uma bola de fogo. – Fire Blast!

            Mihiramon desviou do ataque. Desviou de mais algumas bolas de fogo, e defendeu uma com seu escudo do ombro, que ficou muito quente, fazendo Mihiramon jogá-lo fora.

– Já tá chato. Acabe com isso. – Drake estava com cara de tédio. Não que a luta não estivesse difícil, isso estava. Só que ele a estava achando monótona. Achava melhor arriscar tudo num golpe que continuar arrastando aquilo por mais tempo. Sabia que seu digimon pensava da mesma forma.

            As turbinas de GrappuLeomon giravam tão rápido que saia fumaça. Movimentou suas asas, a energia começou a fluir para sua boca, onde se formava uma bola de fogo. Mihiramon tentou atacar com ataques congelantes, mas o calor era tanto que não dava certo. Então ele resolveu arriscar tudo também. Concentrando todo o frio que os dados de Panjyamon podiam proporcionar, assim como do próprio ambiente, começou a reunir o frio em sua boca.
            Logo ambos estavam preparados. Aguardando a oportunidade.

 – Agora! – ordenaram os dois Tamers, ao mesmo tempo. Ao perceberem isso olharam um para o outro com expressões confusas. Depois olharam para a batalha.

Fire Blast!
Hyoujuuken!

            Dessa vez não foram bolas de fogo e gelo que foram disparadas. Rajadas de energia incandescente e congelante, disparadas respectivamente por GrappuLeomon e Mihiramon, se chocaram no céu noturno. Ambos os ataques eram poderosos, e estavam praticamente empatados.
GrappuLeomon voou em direção a seu adversário, aumentando a intensidade de seu ataque, pressionando. Mihiramon sabia que se tentasse se afastar o ataque flamejante de seu adversário superaria o seu e o atingiria, então ele também avançou. Estavam próximos.
            Uma grande explosão ocorreu do choque dos ataques, iluminando mais ainda o céu com uma torre de fogo avançando para cima. Um rugido de vitória foi ouvido. A batalha estava decidida.

---

            Takeshi e Omegamon estavam bastante aprofundados na floresta. Andavam por um caminho aberto no meio dela, com vários pinheiros caídos. Haviam pequenas crateras e sinais de luta. O que quer que estivesse causando problemas naquela região, estava perto. Então, de uma agitação nas arvores, saiu um Birdramon voando, muito ferido. Gritava aterrorizado. Antes que pudessem dar um passo em sua direção, um facho de luz amarela saiu das arvores e o atingiu, atravessando seu corpo facilmente, perfurando seu coração. O digimon se desfez em dados, que voaram para a direção de onde viera o raio.
            Antes que Takeshi e Omegamon tivessem tempo de se perguntar o que foi aquilo, um digimon saiu do meio das arvores. Pelo menos devia ser um digimon. Seu corpo era composto de três esferas de metal – duas cinzentas, e uma maior, roxa, com um olho mecânico, feito de vidro como aqueles das câmeras, no centro. Sua cabeça era pequena, de metal, e havia apenas outro olho daqueles, menor, e ao lado havia algo que parecia uma LED. Seus braços e pernas eram feitos de fios grudados uns aos outros, formando formas achatadas, ligadas por juntas de metal roxas. Possuía também grandes ombreiras do mesmo metal roxo. De pé, media cerca de sete metros. Nas mãos, carregava uma arma, aparentemente um tipo de fuzil.
            Ao notar a presença dos dois, a LED na cabeça do digimon piscou algumas vezes, emitindo flashes de luz vermelha. Estava os analizando.

– Ei, identifique-se! – gritou Takeshi. – Qual seu nome?

            O digimon apenas emitiu alguns sons que lembravam sons de uma CPU de computador, só que bem mais altos. O digimon não disse nada. “Não é capaz de falar” pensou Takeshi. Mas não era necessário que ele falasse. A descrição batia com suas informações. E vira-o matar um digimon. Um velho conhecido seu, apesar de estar bastante mudado. O digimon começou a andar, aparentemente ignorando os dois.

– Hora de cumprir a missão. – Takeshi esticou o braço, e sua espada se materializou de bits azuis saídos de seu Digivice. – Primeiro eu.

            Takeshi correu em direção ao digimon mecânico. Ao perceber o movimento, ele se virou. Atirou com seu fuzil. Uma bala de energia foi em direção à Takeshi, que desviou com um golpe de sua espada, porém quase perdeu o equilíbrio.

– Ele é forte. Vou ter que lutar com tudo.

            Ele fechou os olhos e se concentrou. Bits azuis rodearam seu corpo, se concentrando na espada, onde o rodearam como uma espécie de chama. As extremidades da chama brilhavam com uma fraca luz. Takeshi abriu seus olhos. A íris estava violeta, e brilhava com a luz do sol. O vento parecia se curvar à sua volta.
O digimon inimigo disparou com seu fuzil novamente, mas Takeshi estava preparado. Com um impulso, pulou até a arma do adversário. Cerca de quatro metros do chão. Usou a arma para dar mais um pequeno impulso e brandiu sua enorme espada. O golpe decepou o braço esquerdo do adversário. Takeshi girou seu corpo no ar, e atacou a própria arma com sua espada. Cortou-a facilmente, aquele metal não podia parar o fio da espada de Takeshi, feita de Digizoid, e energizada com sua energia, sua DigiAura.
            Quando Takeshi voltou ao chão, o inimigo estava desarmado e com um braço mutilado, mas não aparentava sentir dor. O visor óptico em seu peito emitiu um som. Começou a brilhar. Takeshi percebeu o que ia acontecer, e colocou a pare chata de sua espada – que era quase da largura de seu corpo – em sua frente bem a tempo de defender-se do raio de luz amarelo que mais cedo destruira Birdramon. Apesar de conseguir defender, Takeshi estava mal posicionado e seria arrastado.
            Então Omegamon interveio, se colocando entre Takeshi e o digimon roxo movimentando sua capa para frente do corpo. O Laser não atravessou a capa de imediato, ficou parado tempo suficiente para Omegamon projetar de sua mão com forma de cabeça de WarGreymon uma grande espada, a Grey Sword, que ao golpear o feixe de luz, o desfez.

– Meu turno. – disse o cavaleiro.
– Omegamon, sua capa... – Takeshi olhava para a capa de Omegamon. Na região que o raio acertara, a capa estava queimada, e com um buraco.
– Eu estou bem. Já pensei no que fazer.

            Omegamon voou em direção á seu adversário. Ele atirou o raio amarelado novamente, mas Omegamon estava preparado. Usado sua espada, ele atravessou o raio, dividindo-o ao meio. Ao chegar no peito do digimon, realizou um corte, destruindo o visor óptico disparador de lasers e abrindo um grande corte no corpo do digimon.
            Ele fez mais sons mecânicos e caiu sobre uma arvore, desorientado, movendo seu braço e suas pernas de forma desordenada. Omegamon apontou seu braço com cabeça de MetalGarurumon. A boca do lobo se abriu e dela saiu um canhão.

Garuru Cannon. – Omegamon disparou um poderoso tiro de energia, que atingiu o corte no peito do digimon, e fez com que ele explodisse. O inimigo fora derrotado.

---

            Drake estava sentado num banco na praça de Snow City. GrappuLeomon se esquentava na grande fogueira que havia ali, descansando após vencer a batalha. Takeshi, Charlie e todos os outros estavam parados à sua frente. Tinham acabado de contar como encontraram Orihime. Drake estava pensativo, com a mão no queixo.

– Garota, você se lembra do que estava atrás de você? Era algum digimon? – perguntou ele.
– Não consigo lembrar da aparência. – disse ela. – Só lembro que irradiava uma aura maligna... Era assutador.
– Ele queria te matar?- perguntou Josh.
– Não, magina. O ser maligno tava perseguindo ela pra perguntar onde fica o Restaurante por Quilo mais próximo. – disse Drake sarcásticamente. Alguns riram da piada, outros resmungaram algo sobre quem aquele cara pensava que era.
– Hum... Sinto que não queria me matar. Ele queria me prender. – Orihime tentava se lembrar. Seus olhos verdes fixos no chão, seu corpo trememndo um pouco. – A sensação que eu tinha é que se eu não fugisse, aquela coisa ia me atirar nas trevas pra sempre.
– Acalme-se. – disse Dave. – Seja o que for, já passou. Não está aqui.
– Sim, de fato se houvesse algo de natureza maligna aqui, eu sentiria. – disse o HolyAngemon de Dave, que sendo um anjo, podia sentir as trevas. – Se me permitem dar uma opinião... Essa garota irradia uma presença boa. Não sinto nela a mesma presença dos humanos, mas também não é parecido com os digimons... Menina, você se lembra de onde vêm?
– Eu acho... Que eu vivo aqui no Digital World. Eu conheço o mundo dos humanos, mas eu tenho a sensação que eu pertenço a este mundo.

            Todos se entreolharam. Então ela não vinha mesmo do mundo dos humanos. Isso dava sentido a teoria de Josh que aquilo era alguma quest. Nesse caso a garota seria um NPC – a despeito do fato que nunca viram humanos NPCs em Digimon Online.
            Porém, eles sentiam que não era isso. Ela passava uma impressão imponente, apesar de estar tremendo de medo esse tempo todo. Não dava para explicar, era como se sua presença fosse superior a de todos eles – não foi a toa que Takeshi lhe deu o nome de uma deusa.

– Putz! – exclamou Valentine olhando para o relógio. – São meia-noite e quarenta e dois. Já é natal.

            Ninguém fez nada. Alguns disseram “legal”, Drake mandou um “foda-se” na cara dura. Realmente já tinham esquecido totalmente de qualquer coisa relacionada ao natal. Estavam mais interessados no mistério que tinham em mãos.
Um digimon se aproximou do grupo. Era um pássaro de penas rosadas, baixinho e meio desengonçado.

– Com licença. – disse o pequeno Piyomon. – Gostariam de tirar uma foto de recordação? É baratinho.

            Notaram então que ele carregava uma câmera. Os grandes olhos do digimon pareciam suplicantes. Ficaram com dó.

– Tá né... – disse Takeshi.
 – Que coisa inútil. É melhor a gente tentar fazer a Onihime lembrar de alguma coisa. – reclamou Drake.
 – É Orihime. – corrigiu Lucas.
– Tanto faz.
– Bem, então todo mundo se junta. – disse Piyomon com a câmera em mãos.

            Eles se agruparam da maior maneira possível. Orihime ficou ao centro, sentada num banco. Ao seu lado estava Dave, e do outro Lucas. Takeshi estava de pé atrás do banco, Zanbamon ao fundo erguendo sua espada Holy Angemon estava no canto. Valentine queria aparecer junto de Dayane, que tentava se afastar com um rosto mais assustado que o da Orihime quando tentava lembrar do passado. Josh, Strikedramon e WereGarurumon faziam poses ridículas, Drake, muito a contra-gosto, estava no canto. Charlie estava ao lado de Takeshi, o rosto de Mihiramon aparecendo numa tela holográfica do digivice – apesar de bastante ferido, ele merecia aparecer na foto. GrappuLeomon aparecia ao fundo, por entre o meio das pessoas e digimon, não queria sair de perto da fogueira. Tailmon e Pitchmon se penduravam nas bordas dos bancos, Knightmon dava um alegre tchauzinho. HolyAngemon completava o trio de digimon ao fundo, junto com os cavaleiros – o leão estava bem mais atráz. Liu estava sentado no chão, e Crossmon voava acima do grupo.
            E ninguém parava quieto.

 – Dayanee, para de se mexer tanto ou nossa pose não vai ficar legal. – dizia Valentine abraçando a menina enquanto fazia um V para a câmera.
– Ahn.. S-Sabe... – disse a garota tentando se afastar.
– Você tá assustando ela, sua idiota. – disse Lucas virando para trás.
– Não estou não, ela é minha amiga! – Valentine estava plenamente convencida disso. – Então vira pra frente pra foto, garoto implicante! – ela bagunçou os cabelos do brasileiro com a mão livre, fazendo-o corar um pouco e virar para a frente. Strikedramon começou a cantar musica sertaneja para zoar seu Tamer, mas Lucas mandou-lhe se calar.
– Zanbamon, tive uma idéia maravilhosa de pose pra foto! – disse Knightmon de forma afeminada. – Você tá com essa espada erguida pro meu lado, eu ergo a minha e cruzamos as duas!
– Ahn... Não, obrigado. – Zanbamon mudou a espada para a outra mão.
– Andem logo com isso, já to cansado. – resmungou Drake.
 – Tentem ficar parados. – disse Piyomon ajustando a câmera.

            Todos olharam para a câmera. Era um grupo estranho. Pessoas totalmente diferente umas das outras, que se tornaram amigos apenas por coincidências. Apesar de ter acabado de conhecê-los, Orihime se sentia a vontade com eles. Não importa o que a estivesse seguindo, ela achava que eles poderiam a manter segura. Queria ficar com eles. Pelo maior tempo que pudesse.

 – Sorriam... XIS! – disse o pássaro, batendo a foto em seguida.

---

Takeshi e Omegamon estavam no meio dos estilhaços do digimon maquina.

– Estranho. Ele não se desfaz em dados. – disse Omegamon, observando os restos do digimon.
– Achei mais estranho isso. – Takeshi apontava o buraco capa de Omegamon. – Essa capa é muito resistente. Te serve de escudo. Não era pra ter sido destruída só com aquilo. Nas histórias antigas, Omegamon bloqueava ataques de exércitos inteiros com ela.
– Talvez seja porque eu não sou o mesmo Omegamon da antiguidade. – disse o cavaleiro, que aparentemente não se importava com o buraco em sua capa. – Herdei o posto dele, mas não sei se meu poder é igual.
– Pode ser. Agora vamos indo... – ambos sentiram um vento, e uma sombra passou por eles. Olharam para cima, um enorme dragão vermelho descia naquele lugar. – O que ele tá fazendo aqui?

O dragão vermelho, Examon pousou em meio à destruição. De sua cabeça pulou um homem mais alto que Takeshi. Era magro, tinha cabelos negros longos, presos por um rabo de cavalo. Tinha olhos puxados e um sorriso no rosto. Era Liu, companheiro de Takeshi dos Knights of the Round Table.

– Fala Take! – disse ele. – Há quanto tempo!
– O que você veio fazer aqui?
– Viemos atrás dessa coisa ai. – ele apontou os pedaços do inimigo derrotado. – Mas você chegou primeiro.
– Designaram essa missão pra você também? – estranhou Takeshi.
– Não, eu vim porque deu vontade mesmo. Não perdôo quem mexe com essa cidade. O pastel daqui é ótimo.
– Tá... – Takeshi balançou a cabeça. – Mas como ficou sabendo dele?
– Por um comunicado que eu interceptei. Do pessoal da Ordem da Luz. – disse o Chinês distraidamente. – Será que a pastelaria tá aberta?
– Espera. Você interceptou um comunicado da Ordem da Luz? – Takeshi mostrava interesse.
– Sim, parece que ele passou pelos sistemas do castelo durante o envio. Eu tava fazendo uma manutenção e consegui ver o e-mail.
– E falava desse digimon? Quer dizer que isso é coisa do Dave? – Takeshi estava indignado.
– Eu não sei se é coisa dele. Na verdade parecia mais que era um inimigo dele. – Liu coçou o queixo, onde haviam restos de um cavanhaque mal aparado, tentando se lembrar. – Algo sobre o Digimon Artificial que escapou deles no Com Ocean. Dizia que é chamado de Gizmon, modelo XT, e que devia ser destruído imediatamente. Se fosse criação deles acho que iam querer levar de volta inteiro.
– Pode ter fugido de controle. – retrucou Takeshi. – É sempre assim. Eles não pensam nas conseqüências do que fazem. Ai da nisso.
– Olha eu entendo que você tem raiva do Dave... Mas acho que digimon artificiais não faz muito o estilo dele. – Liu olhava torto para os braços de fios verdes do digimon. – Além disso... Você não pode esquecer que tem um outro inimigo. Que aliás é o mesmo inimigo que o deles. Tanto nós quanto a Ordem da Luz temos os mesmos objetivos.
– O que você vai falar, que devíamos juntar forças? – gritou Takeshi, irritado. – Já esqueceu do que aconteceu na Usina? Esqueceu da Orihime?
– Não, eu não esqueci. Eu não esqueci do que aconteceu com ela. Também não esqueci do Paul. Nem da Thalia. Nem de nenhum deles. – a voz de Liu era arrastada. Olhava para baixo, e seu sorriso desaparecera. – Eu não esqueço de nenhuma das nossas batalhas. Toda noite elas me atormentam.
– ... Desculpe Liu. – disse Takeshi muito envergonhado. – É que esse lugar não me faz bem. Vou voltar pro castelo. Vamos, Omegamon.
– Eu vou pra cidade, já que estou aqui pelo menos vou comer pastel. – o chinês acenou com a mão e virou de costas, enquanto Examon levantava voo. Omegamon se aproximou de Takeshi.
– Já que você tá indo pra cidade... Poderia dar um recado pra mim? É uma coisa bem desagradável, se não quiser... – Takeshi hesitava.
– O que foi?
– Diz pra Yukidarumon que o Birdramon morreu.

            Enquanto tudo a volta de Takeshi desaparecia meio à luz do Teletransporte, ele viu Liu andar desanimado em direção à cidade, chutando pedaços de sucata que foram parte do Gizmon XT.
            Liu não demorou para chegar à cidade. Estava tudo fechado. Pelo digivice, mandou Examon avisar que o monstro que se escondia na floresta fora destruído. Os habitantes da cidade botavam a cabeça de fora, desconfiados. Alguns, ao verem Liu, acreditavam então que o perigo se fora. Bastante gente conhecia ele por ali – volta e meia ele aparecia pra comer pastel. Sim, poucos seriam idiotas de se deslocar para um lugar tão distante pra comer pastel, mas nas palavras do chinês “igual o daqui não tem igual”. A pastelaria estava fechada, mas o Pandamon dono dela, ao ver seu cliente de longa data, disse que ia esquentar o olho para fritar alguns pastéis para ele. Enquanto esperava, Liu foi até a loja de fotos. Yukidarumon, um grande digimon boneco de neve, mais alto até que ele, atendeu.

– Um Knight por aqui! Você derrotou o monstro, não?
– Destruíram antes de mim.
– Você tem alguma notícia do Birdramon? Aquele garoto... Ele disse que estava cansado do monstro. Que ia derrotá-lo e trazer a paz de volta pra cá. – a face da digimon mostrava preocupação. – Não consegui impedi-lo. Diga, sabe se ele está bem?

            Liu baixou a cabeça. Era difícil falar. Não era a primeira vez que dava uma noticia desse tipo, mas era difícil do mesmo jeito.

– O Birdramon... – Yukidarumon levou as mãos à boca. Percebera pela expressão de Liu antes dele terminar a frase. – O Birdramon morreu.

---

            Num pequeno estabelecimento, com uma letreiro que dizia “Snow Photos – sua recordação da terra da neve” os jovens e seus digimon olhavam num computador a foto que acabara de ser tirada.

– Essa foto tá bizarra. – disse Liu rindo. – Saiu cada um fazendo uma coisa.
– Acho que ficou a nossa cara então. – disse Josh.
– Eu acho que ela ficou boa. – disse Orihime olhando para a tela.
– Bem, são 50 bits cada! – disse Piyomon.
– 50? Você disse que era barato seu pombo desgraçado! – gritou Lucas, 50 bits não era tão caro assim, mas para Lucas que não sabia economizar, era uma pequena fortuna.
– Nossas fotos são feitas com um papel especial que mantém sempre o frio da neve. É uma lembrança única daqui! – disse o pássaro.
– Dane-se, eu não vou pagar nada! Ainda mais nessa foto que todo mundo saiu estranho!
– Vocês que não paravam de se mexer!
– Ora, o que está acontecendo aqui? – disse uma voz vindo dos fundos da loja. Yukidarumon saiu por uma porta entreaberta. – Piyomon causou problemas outra vez?
– Eu não causei problema nenhum! – disse o pássaro rosa. Aquela aura de coitadinho inocente dele tinha desaparecido totalmente, ficou claro que ele fazia aquilo pra enganar turistas trouxas. – Eles tiraram foto e não querem pagar!
– Você não disse que custava 50, e também a foto ta ruim! – insistiu Lucas.
– Lucas, não cause problemas! – disse Valentine agarrando o garoto pelo braço e tentando arrastá-lo para fora da loja. Ele tentou se livrar agitando o braço e empurrando a menina, enquanto discutiam.
– E lá vamos nós denovo... – disse WereGarurumon balançando a cabeça.

            No meio de sua briga, Valentine escorregou em um pouco de neve no chão, e caiu de encontro ao peito de Lucas. Ele a segurou e conseguiu recuperar o equilíbrio pra não cair. A garota levantou a cabeça. Os rostos dos dois estavam muito próximos. Então perceberam que todos tinham parado o que estavam fazendo e olhavam para eles. Lucas ficou vermelho por estar todo mundo olhando, e desvencilhou-se da garota antes dela beijá-lo. Os dois tinham um rolo, que o Lucas achava que escondia de alguém.Não estavam juntos, realmente – até porque no mundo real, moravam em países diferentes –, então ele tentava esconder pra não ter que agüentar piadinhas, mas não conseguia por não saber ser discreto e também porque Valentine não estava preocupada em esconder.
Depois desse momento constrangedor, ninguém se lembrava mais onde a discussão havia parado para recomeçá-la, e assim os que queriam fotos – apenas Takeshi, Josh, Dave, Valentine e Orihime queriam – compraram e foram embora.

---

            Liu mexia num computador – o mesmo que mostrou a foto do grupo anos atrás. Yukidarumon insistiu para mostrar-lhe as fotos tiradas por Birdramon. Dizia que ele tinha talento para captar a essência das coisas na foto. As fotos eram de fato bonitas, mas Liu não tinha a menor sensibilidade para arte. Apenas uma foto lhe chamara a atenção. A foto daquele dia. O arquivo estava nomeado como “Warm Christmas”. Yukidarumon começou a falar que aquela era uma das fotos favoritas de Birdramon. Dizia que ele adorava os olhos daquela menina loira. Ele dizia também que aquela cor estranha na foto não era um defeito.
            Liu perguntou se ela ainda venderia a foto. Yukidarumon deu-lhe de presente uma cópia, criada no papel especial dela, frio como a neve. Liu colocou a foto junto ao peito. Aquele dia parecia tão distante, mas não fazia tanto tempo asssim. Dois... Talvez três anos, pensou.
            A foto era confusa: Josh, Strikedramon e WereGarurumon faziam uma pose digna dos Power Rangers. Valentine estava abraçando Dayane com um braço, e o outro ela passara em volta de um Lucas vermelho, que saiu com os braços erguidos na foto. Liu, largado no chão, olhava a cena e ria. Drake tinha virado para o lado e estava indo embora, a câmera o pegara logo antes de sair. Dave estava de cabeça baixa para esconder o riso, mas dava pra ver que estava gargalhando da cena. Takeshi estava fazendo um V com a mão. Sentada no banco, estava Orihime, sorrindo. Seus olhos verdes olhavam para a lente. Ela tinha olhos profundos e belos, e sorria sinceramente, diferente de alguns na foto que forçavam para não gargalhar, ou então davam um sorriso forçado que mais parecia uma trollface. Envolvendo a foto, havia uma aura amarelada – defeito por causa da luz vinda da fogueira, disseram na época. Não. Era ela. Era a presença radiante de Orihime, abraçando seus amigos. Os abençoando

“Espero que um dia nós possamos sorrir juntos assim outra vez.” pensava Liu lembrando de seus amigos. “E tirar uma foto tão bizarra quanto essa.”


Continua....


No próximo capitulo: voltando a seguir Daichi, chegamos em fim ao começo do torneio D1. Daichi e seus amigos conhecem Tamers do mundo todo, que serão seus adversários no torneio.
Próximo capitulo de Digimon Network: Começa o torneio D1!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores


  ©Template Blogger Writer II by Dicas Blogger.

SUBIR