segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Digimon Inside: Episódio 2 - Flamemon Inside!

Hoje episódio Especial! Ele é enorme!


Aos poucos, Alan ia recobrando a consciência. Abria os olhos lentamente, pois
suas pálpebras pareciam pesadas demais para levantar de uma vez. Sentiu
que seu corpo estava deitado sobre algo úmido e frio. Quando finalmente pôde
abrir os olhos completamente e vir o que havia em volta, percebeu que estava
já havia anoitecido e que não estava mais na calçada a caminho de casa.
Estava numa floresta.

- Ai caramba... – disse ele com a voz fraca, pensando no que seus pais
deveriam estar pensando naquele momento.

Estava muito frio ali. Girou a cabeça pra baixo e viu que não vestia o uniforme
branco da escola, e sim um roupão daqueles de hospital, com um tecido muito
fino e frio que permitia que seu traseiro ficasse de fora. Ergueu a cabeça
novamente para tentar visualizar o ambiente em volta. Não reconhecia nada,
pois havia somente árvores e escuridão.

Foi então, que as primeiras perguntas começaram a surgir inevitavelmente em
sua mente:

- Onde eu estou? O que aconteceu comigo?

Apoiou os cotovelos na grama umedecia e ergueu o tronco para enfim se
levantar completamente, com dificuldades. Suas pernas estavam fracas, mais
do que o normal.

Junto com as várias dúvidas, o medo também começou a tomar conta de sua
mente. Tudo em volta parecia estar observando-o, esperando para atacá-lo.
Era como se alguém estivesse lhe pregando uma peça só por diversão. Talvez
fosse isso mesmo. Seja lá o que for aquilo não estava o fazendo rir.

Mesmo com dificuldades, começou a caminhar sem rumo pela floresta,
observando tudo em volta na busca – talvez inútil – de reconhecer algo. O
tempo que ele passou caminhando pela floresta parecia uma eternidade, afinal,
caminhar à noite numa floresta desconhecida não era uma tarefa muito fácil,
ainda mais para um garoto medroso como Alan.


Já era de manhã quando ele finalmente encontrou civilização. Na verdade, o
sol ainda mostrava seus primeiros raios timidamente entre as nuvens e quase
escondidos atrás das montanhas. Encostou-se em uma árvore para descansar
e observar em volta para ver se reconhecia alguma coisa. Felizmente, aquelas
pequenas casinhas de madeiras podres que ele via lá embaixo faziam parte
do início da cidade onde ele morava. Pensou em ir lá, mas ficou com vergonha
de aparecer com aquelas roupas. Afinal, não era normal alguém aparecer de
manhã na sua casa com quase tudo de fora pedindo abrigo.

Decidiu caminhar mais um pouco pela pequena estrada de terra que passava

ao lado das casinhas simples de madeira.

Após horas de caminhada até encontrar civilização, seus pés já estavam o
matando de dor e estava cheio de bolhas. Provavelmente já era quase meio-
dia quando encontrou a pracinha que ficava perto de sua casa, pois o sol
parecia que ia rachar seu cérebro e explodir tudo o que tiver lá dentro. As
pessoas, principalmente crianças, observavam-no com certa estranheza.

- Mamãe! Olha aquele cara! – disse um deles segurando uma bola vermelha
com uma mão e a outra apontava o dedo para Alan.

- Gabriel! Não aponte para as pessoas! – repreendeu a mãe.

Alan suspirou fundo e continuou caminhando para sua casa, que ficava perto
daquela pracinha, atravessou a avenida e finalmente chegou ao pequeno
portão que um dia já fora todo pintado de branco, agora estava corroído de
ferrugem. Quando o abriu, o rangido pareceu ecoar por todo o quintal. Quando
tivesse tempo, iria passar um pouco de olho nas dobraduras.

Seu cãozinho poodle – como carinhoso nome de Zeus – o recebeu pulando,
sujando toda aquela roupa estranha que ele vestia. Normalmente ficaria bravo
com isso, mas aquela roupa não era dele mesmo.

Alan nem precisou abrir a porta para entrar em sua casa, pois logo quando
conseguiu se livrar de Zeus, ela se abriu sozinho, revelando o rosto assustado
de sua mãe.

- ALAN?! É VOCÊ MESMO, MEU FILHO? – exclamou ela, chorando e logo
depois correu para abraçá-lo com muita força.

- Sim...claro... – respondeu ele, sem entender nada.

- Onde você esteve esse tempo todo? – disse ela apertando, amassando e
beijando o rosto dele.

- Pelo que me parece, eu estava dormindo numa floresta perto daqui a noite
toda...

- Oh! Entre! - disse ela colocando a mão nas costas dele, induzindo-o a entrar
na casa.

Pensou em se jogar no sofá e dormir a tarde inteira, mas tinha que tomar
banho primeiro e depois ir para seu quarto. Enquanto atravessava a sala, a
TV começou a chiar e a mudar de canal automaticamente, sem ter ninguém
mexendo no controle remoto. Pensou em perguntar para sua mãe o que havia
com a TV, mas ela não parava de chorar, então ele decidiu ficar quieto.

- Você deve estar morrendo de fome! Ficou fora tanto tempo! E que roupas
são essa? Você esteve no hospital? OH MEU FILHO, VOCÊ SE MACHUCOU?

- Hey! Quanto tempo eu fiquei fora?

- Você não sabe? Foram longos 3 meses...

- 3 MESES?? EU SUMI POR 3 MESES??

- Sim! Você não foi o único. Vários garotos começaram a sumir mais ou menos
na época que você sumiu em todos os lugares. Nos jornais sempre aparece
alguma notícia de alguém sumido...estranho – disse ela voltando os olhos
para a TV que ainda chiava e mudava de canal sozinha – a TV deve estar com
defeito...

- Eu vou tomar banho e colocar uma roupa decente – respondeu Alan para a
mãe, caminhando em direção ao seu quarto, onde havia um banheiro.

Ao adentrar nele, se sentiu no paraíso. Observou sua cama toda arrumadinha,
coberta por um edredom cinza, seus pôsteres de suas bandas preferidas nas
paredes, seu PC encostado quase perto da cama. Tudo estava do jeitinho que
estava antes de sumir do nada.

Tirou aquela roupa estranha e entrou no banheiro. Enquanto se banhava, ficou
pensando no que poderia ter acontecido com ele, como sua família deve ter
ficado desesperada e em como seu amigo, Edu, deve ter se virado sem ele
na semana de provas. E pior! Como ficariam suas notas? Ficou um bimestre e
meio fora!

Trocou de roupa e se deitou na sua cama, relaxando os músculos e
aproveitando o momento de paz. Pegou o controle remoto e ligou a TV do seu
quarto. Ela também parecia não funcionar direito, estava no mesmo estado da
TV da sala. De repente, seu PC ligou sozinho, o ventilador começou a rodar, o
rádio-relógio começou a trocar de estações e as horas ficaram confusas.

- Mas que diabos está acontecendo?

Não bastasse tudo isso, a luz começou a piscar. Sua deu um grito da cozinha,
Alan correu até para ver o que era. Tudo estava uma loucura, o microondas
parecia estar prestes a pegar fogo, o liquidificador ligou sozinho, a batedeira
caiu no chão e começou a rodar ligada.

- O que está acontecendo com essa casa? – perguntou Alan.

- Eu não sei! Começou a ficar assim depois que você chegou! – disse ela
abraçando o filho e olhando pra batedeira pulando no chão como se estivesse
dançando [i]break dance[/i]

Alan levou a mãe até a sala e pegou o telefone para ligar para os bombeiros ou
quem quer que fosse. Ele estava mudo. Procurou seu celular em seu quarto.
Estava fora de área.

- Tem algo de muito estranho acontecendo aqui! – disse a mãe de Alan.

- Nem me fale! – respondeu o rapaz – Eu já sei! Eu vou na casa do Edu!

- O que vai fazer?

- Vou ver se ele sabe o que está acontecendo!

- Tome cuidado, meu filho, não quero perder você novamente! – disse ela já
derramando algumas lágrimas.

- Não se preocupe, mamãe.

Alan correu até o fundo da sua casa e pegou sua bicicleta, se dirigiu até o
portão enferrujado e foi pedalando o mais rápido possível para chegar na casa
de seu amigo, que ficava um pouco longe dali.

Após cerca de meia-hora pedalando, chegou lá e foi logo apertando a
campainha. Por sorte, foi exatamente Edu quem atendeu a porta.

- ALAN! CARACA VELHO! ONDE VOCÊ ESTEVE? – disse ele correndo para
abrir o portão para seu amigo entrar com a bicicleta.

- Eu não tenho tempo para explicar, eu preciso perguntar uma coisa!

- Pergunta logo, você parece assustado! Espera, entra aqui em casa primeiro!
Eu estava assistindo jornal da tarde agora há pouco.

Alan adentrou a casa e não demorou muito para que a TV de seu amigo
começasse a dar o mesmo defeito que a da casa dele.

- Ué! O que deu de errado? – perguntou Edu, dando uns tapinhas em cima
dela.

A luz também começou a piscar e o relógio digital na parede começou a dar
defeito.

- Cara, tem algo de errado acontecendo com os aparelhos eletrônicos... – disse
Alan.

- Não diga, Capitão Óbvio!

- Mas isso só acontece quando eu chego perto deles...

- Hã? Como assim?

- Eu não sei, quando eu cheguei em casa hoje, fiquei sabendo que eu sumi
por 3 meses e de repente os aparelhos ficam loucos quando eu chego por
perto! Eu não sei o que está acontecendo comigo! Sabe, eu acordei numa
floresta aqui perto, sem saber de nada. Pra mim, eu estava caminhando
naquela calçada perto da escola depois da gente discutir e de repente, PUM,

eu desmaio.

- Eu acharia que você está ficando louco, se não tivesse visto o noticiário
de hoje. Parece que um dos garotos que desapareceram junto com você
reapareceu hoje e disse que acordou sem saber que havia sumido.

- Eu estou assustado, cara! – disse Alan, quase chorando.

- Acalme-se. Eu vou te ajudar. Não sei como, mas eu vou!

- Obrigado, cara. E desculpe por me irritar com você ont....digo, aquele dia.

- Que nada, 3 meses é tempo suficiente para superar – brincou Edu.

Os dois sorriram, até ouvirem o liquidificador na cozinha se ligar sozinho, o
microondas apitar, a máquina de lavar roupas ligar sozinha, e outras coisas
estranhas.

- O que vamos fazer? – perguntou Alan.

- Eu não sei! – respondeu Edu, desesperado – ESPERA! JÁ SEI!

Ele tirou do bolso um pequeno aparelho que se assemelhava muito com um
Smartphone. Digitou alguma coisa na tela dele e logo esboçou um sorriso.

- O que é isso? – perguntou Alan, curioso.

- Em que mundo você vive? É um Worlds Door Mobile, para carregar o Digital
World pra qualquer lugar!

- Ta, e em que isso vai nos ajudar?

- Talvez meu amigo Tentomon possa nos ajudar, oras! Não é, Tento? –
perguntou ele olhando para tela e mostrando-a para Alan.

Na tela, mostrava uma mosca vermelha aparentemente grande demais para
um inseto com olhos verdes grandes.

- Claro! Muito prazer em conhecê-lo, Alan! – cumprimentou-o agitando seus
braços pequenos.

- Ern...O prazer é todo meu, eu acho... – respondeu Alan.

- Muito bem, Tento. O que você que está acontecendo com nosso amigo aqui?

- Bem, esse tipo de evento só acontece quando há uma grande quantidade de
energia digital radioativa no ambiente. Alguns estudiosos em nós, digimons,
dizem que isso só acontece quando um digimon consegue passar para o
mundo humano. É claro que isso é fisicamente impossível de se acontecer.
- Claro que é! Eu não sou um digimon! Eu sou um ser humano! – disse Alan

erguendo uma das sobrancelhas.

- Você esteve desaparecido por 3 meses e não sabe o que aconteceu durante
todo esse tempo. Não podemos descartar a hipótese de terem feito algum tipo
de experimento com você ou algo parecido...

- Você ta dizendo algum cientista maluco pode ter me transformado em um
digimon?

- Pode ser...

- Isso é loucura!

- Caraca, meu melhor amigo é um digimon humano! Que massa! – comemorou
Edu, todo animado.

- Não fala besteira! Eu não sou um digimon!

De repente, somente a TV voltou ao normal, voltando ao noticiário.

“Parece que estamos tendo ataque de um ser estranho na pequena cidade
de Neoville. O animal parece ser feroz e incontrolável. As autoridades
ambientais estão arrumando um jeito de tentar parar esse animal tão poderoso
e estranho!”, o repórter gritava no microfone, pois atrás dele uma espécie de
lobo gigante e preto, com listras brancas destruía os carros com seus dentes e
garras. Seus olhos eram amarelos e pareciam perdidos.

- Isso não faz sentido! – disse Edu, parecendo confuso olhando para a TV –
Tento, aquilo é um BlackGarurumon, não é?

- Pelo que parece, sim. Mas isso é impossível! Os digimons não podem passar
para o mundo real. É fisicamente impossível! – exclamava o digimon de dentro
do aparelho, tão confuso quanto a gente.

- Vamos para lá! – disse Alan – Algo me diz que temos que ir lá e enfrentar
esse bicho!

- O quê? Você ta ficando maluco?

- Temos outra escolha? Talvez possa ser só a ponta do iceberg para resolver o
meu caso...

- Você tem razão. Eu vou pegar minha bicicleta!

Ambos pegaram suas bicicletas e pedalaram o máximo que puderam até
o centro da cidade, que é onde os ataques estavam ocorrendo. Chegaram
lá cerca de 15 minutos, e estavam completamente cansados pois haviam
pedalado muito. O estrago estava lá: carros jogados contra as paredes, postes
caídos e fios soltos disparando fagulhas de eletricidade contra o chão. No
entanto, não havia sinal da fera que mostrava na TV, apenas um cachorrinho

pequeno rosnando ferozmente para tudo em volta.

- É..na TV ele parecia maior – disse Edu, sarcasticamente.

- Não, espere. Olhe direito, em volta dele! – apontou Alan.

Edu forçou os olhos e aos poucos começou a visualizar nitidamente.
BlackGarurumon estava sobre o corpo do cãozinho como se fosse um
espírito possuindo-o. Uma vez visto nitidamente, o corpo do cãozinho parecia
desaparecer e o que se via era o enorme lobo negro rosnando furiosamente e
destruindo as casas e carros.

- Eu acho que entendi! BlackGarurumon deve estar de alguma forma utilizando
o corpo daquele cãozinho para permanecer no nosso mundo. Mas como ele fez
isso? – deduziu Edu.

Em um dos seus acessos de loucura, BlackGarurumon prendeu os olhos
nos dois rapazes parados em cima de suas bicicletas. Sua fúria pareceu
aumentar mais ainda. Os policiais ali perto junto que afastavam a multidão,
perceberam para onde a fera olhava e tentou afastar os dois garotos. No
entanto, BlackGarurumon saltou sobre as costas de um dos policiais que
afastavam Alan e Edu e arrancou sua cabeça friamente. Todos em volta
soltaram um grito desesperado e começaram a correr, enquanto outros se
afastavam mais lentamente pois estavam filmando tudo aquilo com seus
celulares e câmeras. Alan e Edu largaram suas bicicletas ali e começaram a
correr desesperadamente do animal, mas este por ter um corpo maior, correu
mais rápido e deu uma patada em Alan, lançando-o contra uma árvore. Alan
desacordou na hora.

Mais uma vez, ele se sentia naquela situação que havia passado mais cedo
naquele mesmo dia: seus olhos pareciam pesados demais para abrir tudo de
uma vez. Estava despertando novamente. Quanto tempo fiquei desacordado
dessa vez? Era o que ele se perguntava enquanto seus olhos ainda tentavam
se acostumar com a claridade. Se levantou com dificuldades e observou em
volta. Não havia nada além de uma imensidão branca, não parecia haver céu
ou chão. Tudo era um tremendo vácuo. Caminhou lentamente para frente, se
perguntando onde estava desta vez.

“Será que eu morri?”, se perguntou enquanto caminhava.

Repentimante sentiu seu nariz bater em algo sólido como vidro. Passou a mão
no nariz e olhou para frente. Parecia não haver nada até que esticou a mão
direita para frente e encostou. Sim, parecia ser um vidro. Isso só reforçou sua
idéia de que ele havia morrido e agora estava em algum lugar desconhecido
que não era nem o céu nem o inferno. Muito menos um purgatório. Seria algum
tipo de sala de espera?

Uma risada de criança pareceu ecoar pelo vácuo branco. Alan se virou para
trás, mas não havia nada além de uma imensidão clara e ofuscante. Se virou
novamente para a direção do vidro e levou o maior susto ao ver aquela figura

parada à sua frente, do outro lado do vidro.

- É VOCÊ! O monstro que eu vi naquele dia...

A imagem da fera humanóide de pêlo avermelhado parada à sua frente era
a mesma que havia visto segundos antes de desmaiar na calçada perto da
escola, antes de desaparecer. Antes de tudo aquilo começar.

- QUEM É VOCÊ? ONDE ESTOU E O QUE FEZ COMIGO? – gritava o rapaz
desesperado batendo com força no vidro.

- Meu nome é Flamemon, eu sou um digimon que vive dentro de você. E este
lugar é o seu subconsciente.

- O que? Então eu não morri?

- Ainda não

- Eu vou morrer então?

- Vai, se não aceitar meu pedido.

- Que pedido?

- Permita que eu, Flamemon, possua seu corpo para que eu possa caminhar
sobre o mundo humano.

- E por que eu faria isso?

- Se você não fizer, você morrerá porque levou uma batida forte demais na
cabeça para um humano. Se eu possuir seu corpo, nos tornaremos um só
e você compartilhará dos meus atributos de digimon como força, agilidade,
inteligência, entre outros. Assim, não morrerá tão fácil por conta de minha
resistência física superior a sua.

- Como você veio parar na minha cabeça?

- Eu não sei, apenas acordei aqui no mesmo momento que você acordou
naquela floresta. Mas mesmo assim, eu já sabia da minha tarefa. Agora ande
logo, aceite minha proposta antes que você morra!

- Eu prefiro morrer do que ser um digimon! Isso me dará muito trabalho,
imagina o que as pessoas vão pensar quando olharem para mim! Vão
dizer: “Oh! Lá vem o garoto digimon com seus enormes pêlos vermelhos e pés
enormes!”.

- Não seja estúpido! Você não precisa contar a ninguém sobre mim, e você
não tomará minha forma sem que você permita. E eu não ficarei o tempo todo
dentro do seu corpo, poderei caminhar livremente pelo seu mundo, mas terei
que estar o tempo todo perto de você pois nossas mentes estarão interligadas.

Mesmo que eu vá para longe, saberei o que você estará pensando e suas
sensações. Agora ande logo!

A claridade começou a escurecer aos poucos, como se as luzes estivessem se
apagando em câmera lenta. Eu comecei a me sentir fraco, como se estivesse
desaparecendo. Eu estava morrendo.

- Aceita logo! – apressou-me Flamemon.

- Eu aceito! Eu aceito! – desesperou-se Alan ao ver que tudo estava se
apagando.

O vidro a sua frente começou a rachar rapidamente e de repente, estourou
bem diante da sua frente, fazendo os cacos voarem para todos os lados, mas
sem acertar Alan.

- Obrigado – disse Flamemon.

Alan então acordou com tudo, assustado. Olhou para os lados e viu que estava
novamente no centro da cidade, na avenida principal onde o BlackGarurumon
estava destruindo tudo. Tentou se levantar e sentiu uma forte dor em sua
cabeça e se lembrou que havia sido atacado pelo monstro.

- EDU! – gritou ele, olhando para os lados para ver se encontrava o amigo. De
repente, ouviu barulhos de tiros vindo de trás dele.

Virou o corpo imediatamente e viu que BlackGarurumon estava sendo
metralhado pelos policiais que tentavam abatê-lo, mas parecia inútil. Edu
estava dentro de uma viatura, com o rosto pálido e assustado. Alan correu
desesperado para a viatura para encontrar o amigo.

Porém, BlackGarurumon girou o olho para o lado e viu o rapaz correndo
através da avenida. E em um movimento rápido e astuto, avançou sobre
Alan. Quando o rapaz percebeu que o monstro já estava sobre ele, pronto
para abocanhá-lo. Alguma coisa o atingiu pelo rosto, fazendo-o recuar
imediatamente. Os policiais pararam de atirar porque Alan podia ser acertado.

Alan podia sentir que suas calças poderiam ter sido molhadas e borradas a
qualquer momento.

- O que foi que me salv....Flamemon? – disse ele, observando o digimon
parado à sua frente, se levantando após ter dado uma bela de uma voadora no
focinho do digimon negro.

- Um “obrigado” cairia bem agora – disse o digimon sorrindo para Alan.

- Então aquilo...não foi alucinação?

- Claro que não! Não está me vendo aqui? Você é o único que pode me ver!
Alan virou a cabeça para os policiais, que não entendiam o que havia feito

BlackGarurumon parar o ataque sobre ele. Parecia que o que Flamemon havia
dito era verídico, somente Alan podia vê-lo e conversar com ele.

- Isso é demais! – exclamou Alan, alegre.

- É, mas ainda não acabou – disse ele olhando para BlackGarurumon, que se
levantava balançando o focinho e olhando com raiva para Flamemon. Pelo
visto, ele conseguia ver o protetor de Alan.

- Eu vou me afastar para que vocês possam lutar! – disse Alan pronto para
correr, mas Flamemon o segurou pelo braço.

- Não! Você vai ficar e lutar!

- O que? Eu tenho dificuldades em lidar com os caras idiotas da escola, você
acha que eu vou conseguir derrotar um lobo gigante?

- Você não vai estar sozinho. Eu estou aqui com você! Relaxa!

Antes que Alan pudesse dizer algo, BlackGarurumon saltou furiosamente para
cima de Flamemon, abocanhou-o e atirou contra um poste, derrubando-o logo
em seguida.

- Flamemon! – gritou Alan.

Sem perder tempo, BlackGarurumon começou a inchar o peito de forma
estranha. O inchaço começou a subir pela sua garganta, enquanto ele levantou
o focinho, parecendo que ia cuspir algo. E foi o que aconteceu.

- FOX FIRE!! – exclamou ele disparando uma rajada de fogo na direção de
Flamemon, que ainda tentava se levantar. Atingindo-o em cheio.

- FLAMEMON!! – gritou mais Alan, mais alto ainda. Logo em seguida, em um
ato desesperado, correu na direção do digimon e segurou-o pelos braços.

Seu corpo estava completamente queimado e destruído.

- Alan... – sussurrava ele com dificuldades apontando para a mão direita do
rapaz – sua mão....

- Minha mão? O que tem? – disse ele olhando para sua mão direita. Viu que na
palma, havia um símbolo estranho que parecia nunca ter visto antes.

- Encoste em mim...

Alan não entendeu nada, mas não queria ver ninguém morrer em seus braços.
Flamemon levantou sua mão direita com dificuldades e esticou-a, deixando
totalmente aberta. Alan encostou a palma de sua mão na mão dele.

De repente, um brilho sobrenatural brotou da junção das duas mãos. E seus

corpos começaram a brilhar intensamente.

Alan sentiu como se seu corpo estivesse todo em chamas, no entanto, ele não
sentia dor alguma, apenas um sentimento de coragem brotava de seu coração.
Sentia como se Flamemon começasse a fazer parte dele. Os dois corpos se
juntaram e em volta de Alan, brotou um furacão de fogo que incendiou tudo em
volta e dentro do furacão, eis que nasce um novo guerreiro:

- AGNIMON!! – exclamou o ser que saia de dentro das chamas.

Ele possuía o tamanho de um homem humano alto, possuía cabelos loiros
e rebeldes, usava uma armadura vermelha com detalhes amarelos, seu
abdômen era protegido por uma espécie de subarmadura branca e seu rosto
era coberto por uma máscara com chifres da mesma cor.

Agnimon olhou para suas mãos, podia sentir o calor passando por dentro de
seu corpo.

- Esta é a sensação? Esta é a sensação de caminhar sobre o mundo real? –
dizia o digimon de fogo – Eu me sinto mais forte...

BlackGarurumon mais uma vez lançou a rajada de fogo na direção de
Agnimon, no entanto, este imediatamente saltou sobre o ataque do inimigo,
girou no ar, liberando fogo de seus pés e atingiu um chute no focinho do
digimon, atirando-o para longe.

BlackGarurumon rolou ao entrar em contato com o chão. A fúria incontrolável
podia ser vista brotando e seus olhos e de sua boca, que derramava uma baba
gosmenta e nojenta. Ele avançou correndo em alta velocidade na direção de
Agnimon.

Ao se aproximar de Agnimon, este flexiona o braço direito para frente e
posiciona o outro braço para trás e da um rápido giro sobre seu próprio eixo,
liberando chamas para os lados e formando um furacão de fogo maior do que o
de antes.

- Salamander Break !! – exclamou ele ao acertar o chute certeiro novamente
no focinho do digimon, que desta vez voou mais longe e não se levantou mais.
Seu corpo começou a brilhar e de repente, sua pele começou a despedaçar-se
como poeira no ar e a sumir, até que sobrasse somente o corpo do cachorrinho
atirado ao chão, parecendo estar desmaiado. Os policiais em volta pareciam
assustados com tudo aquilo.

- Wow! Você é um herói! – exclamou um deles mostrando um largo sorriso no
rosto.

Os outros se aproximaram de Agnimon e começaram a observá-lo. Parecia
que nenhum deles ali havia visto a transformação e a união dos corpos de
Flamemon e Alan.
Mais tarde, Flamemon se separou do corpo de Alan e ambos foram para a

casa de Edu, onde o rapaz parecia animado, contando como havia sido a luta
de Agnimon.

- ...E ai ele deu um giro de furacão no ar e meteu um chute no focinho daquele
lobo negro estranho! Foi demais! – disse ele contando para Alan o que havia
acontecido.

- Sério? – disse Alan segurando o riso.

- Você devia ter visto! Aliás, onde você estava nessa hora? A última vez que eu
vi você, você estava desacordado encostado em uma árvore e de repente você
sumiu!

- Eu...eu sai correndo de medo quando eu acordei! Você sabe como eu sou
medroso!

- É, não duvido que tenha sido isso mesmo! – sacaneou Edu.

- Essa aparição do Agnimon torna tudo mais misterioso ainda, interrompeu a
voz de Tentomon, saindo do WDM de Edu.

- Pois é, desta vez não só um, mas dois digimons apareceram no mundo real.
Não vai demorar muito até investigadores chegarem na cidade...

Alan engoliu seco ao ouvir a última frase do amigo. Agora tudo já estava
feito, não podia fazer nada. Tudo o que ele podia fazer agora era esperar
que ninguém descobrisse seu segredo. E ainda havia muitos mistérios para
resolver...

Próximo episódio não confirmado.

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